O Imperador Valente emitiu decretos de exílio dos bispos católicos que se recusassem a aceitar a heresia ariana. Mas em Cesaréia, dada a grande personalidade de São
Basílio, quis preparar o terreno. Mandou então que alguns bispos arianos fossem
conversar com Basílio, para ver se conseguiam levá-lo a aderir à heresia. Este
não só não quis ouvi-los, mas os excomungou.
O prefeito Modesto chamou
então o bispo recalcitrante. Com boas palavras, tentou induzi-lo a aceitar a
heresia ariana. Como Basílio nem lhe desse ouvidos, ameaçou-o gradativamente
com confiscação de bens, exílio, tormentos e morte.
São Gregório, que estava
presente, descreve a cena:
— Ameaçai-me de qualquer
outra coisa, porque nada disso me impressiona,” respondeu-lhe Basílio.
— Que dizes!?
— Aquele que nada tem, é livre. Não tenho
senão alguns livros e os trapos que visto; imagino que não sois zeloso de m’os
tirar. Quanto ao exílio, não vos será fácil condenar-me: é o Céu, e não o país
em que habito que eu considero minha pátria. Eu temo pouco os tormentos. Meu
corpo está num tal estado de magreza e de fraqueza, que não poderá sofrer por muito
tempo. O primeiro golpe terminará minha vida e minhas penas. Temo ainda menos a
morte, que me parece um favor. Ela me reunirá mais cedo ao meu Criador, por
Quem somente vivo.
A grandeza
do arcebispo surpreendeu o prefeito que reagiu:
— Até o presente momento,
ninguém havia ousado falar comigo desta forma.
E Basílio, com muita modéstia
lhe respondeu se:
—Talvez ainda não tenhas tido a oportunidade de falar com um
bispo.
Neste tempo, o mesmo
imperador chegou à Cesaréia e dirigiu-se à igreja. Era a festa da Epifania do
Senhor, e São Basílio, piedosamente oficiava para uma grande multidão que
rezava com grande devoção. Isto surpreendeu o imperador que tomou medidas para
que Basílio aceitasse algum tipo de conciliação com os arianos. Entretanto,
encontrando nele uma determinada resistência neste sentido, condenou-o ao
desterro
Mas a Providência
velava. Essa noite mesmo o príncipe imperial Valentiniano Gálata, de seis anos,
foi acometido por uma febre tão violenta, que os médicos se confessaram
impotentes para qualquer coisa. A imperatriz fez notar ao marido que isso era
uma justa punição por ter exilado o Bispo, e insistiu em que o chamasse para
curar o filho. Basílio ainda não tinha partido. Mal chegou ao palácio, o menino
começou a melhorar. Afirmou ao imperador que o menino sararia, contanto que ele
prometesse educá-lo na verdadeira religião, a católica. A condição tendo sido
aceita, o Bispo rezou junto ao leito do menino, que ficou instantaneamente
curado.
Entretanto, pressionado pelos
bispos arianos, Valente não manteve sua palavra. Pelo contrário, fez batizar logo
o menino por um dos bispos hereges. O menino teve uma imediata recaída e morreu
pouco depois.
O terrível golpe não
converteu o imperador, que condenou novamente Basílio ao exílio. Quando lhe
trouxeram a ordem para assinar, a haste de bambu que lhe servia de caneta
quebrou-se em sua mão. Outra haste foi trazida, e teve o mesmo fim. Uma
terceira também quebrou-se. Quando Valente fez vir uma quarta, seu braço foi
tomado de tremor e de uma agitação extraordinária. Apavorado, ele rasgou a
ordem e deixou o arcebispo em paz.
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