Olhemos para Maria, contemplemos a Santa Mãe de Deus.
Gostaria de vos propor que a saudássemos juntos, como fez o povo corajoso de
Éfeso, que gritava à frente dos seus pastores quando entravam na Igreja: «Santa Mãe de Deus»! Que bela saudação
para a nossa Mãe… Conta-se, mas não sei se a história é verdadeira, que alguns
de entre aquelas pessoas tinham os bastões na mão, talvez para dar a entender
aos bispos o que lhes aconteceria se não tivessem tido a coragem de proclamar
Maria «Mãe de Deus». Sem bastão,
convido a todos vós que vos levanteis e, de pé, Lhe dirijais por três vezes
esta saudação da Igreja primitiva: «Santa
Mãe de Deus»!
Papa
Francisco 01 de janeiro de 2015
“Mãe de Deus! Este é o título principal e
essencial de Nossa Senhora. Trata-se duma qualidade, duma função que a fé do
povo cristão, na sua terna e genuína devoção à Mãe celeste, desde sempre Lhe
reconheceu.
A Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus é a
primeira Festa Mariana que apareceu na Igreja Ocidental, começou a ser
celebrada em Roma no século VI, provavelmente junto com a dedicação no dia 1º
de janeiro do templo Santa Maria Antiga no Foro Romano, uma das as primeiras
igrejas marianas de Roma.
A antiguidade da celebração mariana pode ser
constatada nas pinturas com o nome de Maria, Mãe de Deus (Theotókos)
que foram encontradas nas Catacumbas ou antiquíssimos subterrâneos que estão
cavados debaixo da cidade de Roma, onde se reuniam os primeiros cristãos para
celebrar a Missa nos tempos das perseguições.
O
Concílio de Éfeso :
No ano de 431, o herege Nestor atreveu-se a
dizer que Maria não era Mãe de Deus, afirmando: Então Deus tem uma mãe? Pois
então não condenemos a mitologia grega, que atribui uma mãe aos deuses. Frente
a isso, 200 bispos do mundo se reuniram em Éfeso, a cidade onde a Santíssima
Virgem passou seus últimos anos, e iluminados pelo Espírito Santo declararam:
“A Virgem Maria é Mãe de Deus porque
seu Filho, Cristo, é Deus”.
E acompanhados por todo o gentio da cidade
que os rodeava portando tochas acesas, fizeram uma grande procissão cantando: "Santa
Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte.
Amém. Amém".
Também São Cirilo de Alexandria ressaltou: “Dir-se-á:
a Virgem é mãe da divindade? A isso respondemos: o Verbo vivente, subsistente,
foi gerado pela
mesma substância de Deus Pai, existe
desde toda a eternidade... Mas no tempo ele se fez carne, por isso pode-se
dizer que nasceu de mulher”.
Mãe do Menino Deus “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim
segundo a tua palavra”
É a partir desse fiat, faça-se que Santa
Maria respondeu firme e amorosamente ao Plano de Deus; graças a sua entrega
generosa Deus mesmo pôde se encarnar para nos trazer a Reconciliação, que nos
livra das feridas do pecado.
A donzela de Nazaré, a cheia de graça, ao
assumir em seu ventre o Menino Jesus, a Segunda Pessoa da Trindade, torna-se a
Mãe de Deus, dando tudo de si para seu Filho; vemos pois que tudo nela aponta a
seu Filho Jesus.
É por isso, que Maria é modelo para todo
cristão que busca dia a dia alcançar sua santificação. Em nossa Mãe Santa Maria
encontramos a guia segura que nos introduz na vida do Senhor Jesus,
ajudando-nos a conformar-nos com Ele e poder dizer como o Apóstolo “vivo
eu mas não eu, é Cristo que vive em mim”.
A comemoração de Maria, neste dia, soma-se ao
Dia Universal da Paz. Ninguém mais poderia encarnar os ideais de paz, amor e
solidariedade do que ela, que foi o terreno onde Deus fecundou seu amor pelos
filhos e de cujo ventre nasceu aquele que personificou a união ente os homens e
o amor ao próximo, o Cristo. Celebrar Maria é celebrar O nosso Salvador. Dia da
Paz, dia da Mãe Santíssima. Nos tempos sofridos e sangrentos em que vivemos, um
dia de reflexão e esperança.
No início
dum novo ano, a Igreja faz-nos contemplar, como ícone de paz, a maternidade
divina de Maria. A antiga promessa realiza-se na sua pessoa, que acreditou nas
palavras do Anjo, concebeu o Filho, tornou-Se Mãe do Senhor. Através d’Ela, por
meio do seu «sim», chegou a plenitude do tempo. O Evangelho, que escutamos, diz
que a Virgem «conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração» (Lc 2, 19). Aparece-nos como vaso sempre
cheio da memória de Jesus, Sede da Sabedoria, onde recorrer para termos a interpretação
coerente do seu ensinamento. Hoje dá-nos a possibilidade de individuar o
sentido dos acontecimentos que nos tocam pessoalmente a nós, às nossas
famílias, aos nossos países e ao mundo inteiro. Aonde não pode chegar a razão
dos filósofos, nem as negociações da política, consegue fazê-lo a força da fé
que a graça do Evangelho de Cristo nos traz e que pode abrir sempre novos
caminhos à razão e às negociações.
Feliz
sois Vós, ó Maria, por terdes dado ao mundo o Filho de Deus; mas mais feliz
ainda sois porque acreditastes n’Ele. Cheia de fé, concebestes Jesus, primeiro
no coração e depois no seio, para Vos tornardes Mãe de todos os crentes (Santo Agostinho).
Mãe, lançai sobre nós a vossa bênção neste
dia que Vos é consagrado; mostrai-nos o rosto do vosso Filho Jesus, que dá ao
mundo inteiro misericórdia e paz. Amem.
Papa Francisco – 01 de
janeiro de 2016
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