Tícon, filho de um padeiro,
na ilha de Chipre, era um rapaz muito generoso. Sempre que seu pai deixava o
filho sozinho na loja, o jovem santo dava o pão livremente para aqueles que
precisavam. Descobrindo isso, seu pai ficou furioso, mas o filho disse que tinha
lido nas Escrituras, que, ao dar a Deus você recebe de volta cem vezes mais.
"Eu", disse o jovem, "dei a Deus o pão que foi tomado", e
ele convenceu o pai a ir para o lugar onde o grão estava armazenado. Com
espanto o pai viu que o celeiro, que antes estava vazio, agora estava
transbordando com o trigo. A partir desse momento o pai não impediu seu filho
de distribuir pão aos pobres.
À morte do pai, Tícon
preferiu desfazer-se do forno; vendeu-o e distribuiu até o último tostão aos
pobres e se pôs a serviço do bispo Amatonte, que o ordenou diácono. À morte do
bispo, Tícon foi eleito pelo povo seu sucessor.
Generoso com os pobres, mas
intolerante ao culto pagão, começou com um gesto audaz, destruindo o templo da
deusa Ártemis, cuja sacerdotisa não só aceitou o fato consumado, mas também
pediu para ser batizada e foi atendida. Também fez isso com a mais popular
divindade cipriota, precisamente a Vênus Cípria, ou Afrodite, cuja estátua o
zeloso bispo despedaçou druante a procissão anual do templo ao bosque sagrado,
meta de ritos orgíacos.
Os devotos de Vênus não lhe
perdoaram. Colocaram-no em um carro e o conduziram ao governador. O processo
concluiu-se do melhor modo: grande parte dos acusadores, incluindo o
governador, converteram-se.
Ao benéfico distribuidor de
pão não podia faltar vinho.
Um certo jardineiro trouxe
as podas secas de videiras de uma vinha. São Tícon os recolheu, plantou em seu
jardim e suplicou ao Senhor que esses ramos pudessem criar raízes e dar frutos
para a saúde das pessoas. O Senhor fez isso através da fé do joven santo. Os
ramos se enraizaram, e seu fruto tinha um gosto especial e muito agradável. Foi
usada durante a vida do santo para fazer o vinho para a Santíssima Eucaristia. A
vinha plantada pelo santo bispo continuou durante anos a dar generoso vinho,
com o qual se continua a festejar anualmente São Tícon.
Ele morreu no ano de 450.
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