quinta-feira, 7 de agosto de 2014

São Caetano de Tiene

São Caetano de Tiene foi, talvez, o primeiro duma série de santos que a Providência suscitou para salvar e reformar sua Igreja, no perturbado século XVI. Nasceu em Veneza, em 1480. Logo após o batismo, a mãe, profundamente devota, oferecia e consagrava a criança à Virgem Santíssima.

Ela pediu a Nossa Senhora que reformasse tudo o que nele havia de imperfeito, que o considerasse como filho seu, fazendo-o grande junto de Deus, ainda que fosse pequeno perante o mundo.

E não ficou sem efeito a oração de sua mãe, pois, desde pequeno, mostrava Caetano grande amor à oração e às obras de caridade. Cursou os estudos de humanidades e formou-se em direito. Seguiu para Roma, colocando-se a serviço da Santa Sé, sob o Papa Júlio II, em plena Renascença.

Com trinta e seis anos, decidiu consagrar-se à carreira eclesiástica e foi ordenado sacerdote pelo papa.
Em Roma filiou-se aos Oratórios do Divino Amor que promoviam, em comum, a vida de piedade e de caridade como antítese ao espírito mundano do tempo.

Morto o Papa Júlio II, Caetano voltou para o norte da Itália, dedicando-se ao ministério sacerdotal: pregação e serviço de caridade, sobretudo nos hospitais. Tanto foi seu zelo que foi apelidado Caçador de Almas!

Aproveitando das experiências dos Oratórios, junto com três companheiros, entre os quais Pedro Carafa que se tornará, mais tarde, papa, com o nome de Paulo IV, organizou uma congregação religiosa cujo plano era: a santificação própria dos membros; combater a tibieza e a ignorância no clero: regenerar os costumes da sociedade; promover o culto divino litúrgico; restabelecer o respeito e reverência à Casa de Deus; propagar a sã doutrina contra as heresias incipientes da pseudo-reforma e dar assistência religiosa aos moribundos.

Ele teve uma visão de um campo todo coberto de lírios, entre os quais voavam e cantavam muitas avezinhas, ao mesmo tempo em que, misteriosamente, entendia que aqueles lírios se vestiam pomposamente sem fiar nem tecer, e que aquelas avezinhas estavam bem alimentadas, apesar de não semearem nem colherem, mas esperando e recebendo tudo da Providência paternal de Deus. Ele compreendeu a lição e prometeu pô-la em prática cotidiana.

Pela grande confiança que alimentava na Divina Providência deixou aos seus religiosos uma Regra que os obrigava a uma rigorosa pobreza, proibindo-lhes, não só aceitar a mínima recompensa pelos trabalhos, mas vedando-lhes até pedir esmola. Por mais rigoroso que isto parecesse, houve muitos que pediram ser aceitos como membros da nova Ordem, que veio a chamar-se de Teatinos, pela cidade de Teate, onde foi elevado a bispo o primeiro superior geral da Ordem, o futuro Papa Paulo IV.

A primeira casa foi fundada em Roma, junto da igreja de Santo André de Valle. Logo em seguida, São Caetano fundou uma outra em Nápoles.
  
A obra de São Caetano foi uma inovação da vida religiosa no seio da Igreja. Até aquele tempo, só havia monges ou frades mendicantes como os franciscanos e dominicanos, ainda muito presos às Regras de clausura e de observância monástica. A revolução, que se operava em todas as Ordens da vida no começo da Idade Moderna, requeria uma transformação da vida religiosa em mentalidade e organização para adequar-se ao dinamismo da época. Era necessário tornar a disciplina da vida comum mais operacional, para poder dedicar-se integralmente ao apostolado, numa atividade de serviço social, com fim caritativo e pastoral. Isto foi conseguido com a fundação das Congregações dos Clérigos. Regulares: a primeira desta foi sem dúvida à fundada por São Caetano.
Este modelo foi seguido no mesmo século pelos barnabitas, jesuítas e outros, que enriqueceram cada vez mais a Igreja de forças novas, no apostolado e na evangelização.

São Caetano deu toda a sua vida à nova atividade, querendo ser modelo e forma dos novos sacerdotes e apóstolos da sociedade. Ele veio a falecer com 67 anos de idade, em Nápoles, em 1547. Suas últimas palavras foram: 'Não há outro caminho para o céu a não ser o da inocência e da penitência. Quem abandonou o primeiro caminho tem que trilhar o segundo'.

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