quarta-feira, 21 de agosto de 2019

21 de agosto - Toma o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti. Mt 20,13


A parábola dos trabalhadores enviados à vinha em horas diferentes do dia sempre nos gera grande dificuldade. É aceitável a maneira de atuar do dono, que dá o mesmo pagamento para quem trabalhou uma hora e para quem trabalhou uma jornada inteira? Ele não viola o princípio da justa recompensa?

A dificuldade nasce de um equívoco. Considera-se o problema da recompensa em abstrato e em geral, ou em referência à recompensa eterna no céu. Visto assim, realmente haveria uma contradição com o princípio segundo o qual Deus “dá para cada um segundo suas obras”. Mas Jesus se refere aqui a uma situação concreta, a um caso bem preciso: o único denário que é dado a todos é o Reino dos Céus que Jesus trouxe à terra; é a possibilidade de entrar para fazer parte da salvação messiânica. A parábola começa dizendo: “O Reino dos céus é como a história do patrão que saiu de madrugada...”

O problema é, mais uma vez, o da postura dos judeus e dos pagãos, ou dos justos e dos pecadores, frente à salvação anunciada por Jesus. Ainda que os pagãos, só diante da pregação de Jesus se decidiram por Deus, enquanto antes estavam afastados, não por isso ocuparão no Reino um lugar diferente e inferior. Eles também se sentarão à mesma mesa e gozarão da plenitude dos bens messiânicos. E mais, como eles se mostraram mais dispostos a acolher o Evangelho que os chamados justos, realiza-se o que Jesus diz para concluir a parábola de hoje: os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.

Uma vez conhecido o Reino, ou seja, uma vez abraçada a fé, então sim há lugar para a diversificação. Então já não é idêntico o destino de quem serve Deus durante toda a vida, fazendo render ao máximo seus talentos, com relação a quem dá a Deus só as sobras de sua vida, com uma confissão remediada, de alguma forma, no último momento.

A parábola contém também um ensinamento de ordem espiritual da máxima importância: Deus chama todos e chama em todas as horas. O problema, em suma, é o chamado, e não tanto a recompensa.

Pe. Raniero Cantalamessa – 21 de setembro de 2013

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