sábado, 6 de janeiro de 2018

06 de janeiro - Santo André Bessete

O Irmão André Bessette, originário do Québec, no Canadá, e religioso da Congregação da Santa Cruz, conheceu muito cedo o sofrimento e a pobreza. Estes levaram-no a recorrer a Deus mediante a oração e através de uma intensa vida interior.

Porteiro do Colégio de Notre Dame em Montréal, ele manifestou uma caridade incondicional e esforçou-se por aliviar as angústias daqueles que o procuravam para se lhe confiar. Muito pouco instruído, contudo compreendeu onde se encontrava o essencial da sua fé. Para ele, crer significava submeter-se livremente e por amor à vontade divina.

Inteiramente impregnado pelo mistério de Jesus, ele viveu a bem-aventurança dos corações puros, a da retidão pessoal. Foi graças a esta simplicidade que ele conseguiu fazer com que muitos vissem Deus. Mandou construir o Oratório de Saint Joseph du Mont Royal, do qual permaneceu o guardião fiel até à sua morte, ocorrida em 1937. Ali foi testemunha de inúmeras curas e conversões. «Não procureis libertar-vos das provações», dizia ele, «mas sobretudo pedi a graça de as suportar bem». Para ele, tudo falava de Deus e da sua presença. Possamos nós, no seu seguimento, procurar Deus com simplicidade, para O descobrir sempre presente no coração da nossa vida! Possa o exemplo do Irmão André inspirar a vida cristã no Canadá!

Papa Bento XVI – Homilia de Canonização – 17 de outubro de 2010

Por fim, sem deixar o Canadá, veneramos também o Beato Irmão André Bessette, homem de oração e amigo dos pobres; mas de um estilo muito diferente; a bem dizer, extraordinário.
A obra de toda a sua vida — a sua longa vida de 91 anos — é a de um servidor do povo humilde"Pauper, servus et humilis", como foi escrito sobre o seu túmulo. Trabalhador manual até aos vinte e cinco anos, no campo, na oficina, na fábrica, entra depois para os Irmãos da Santa Cruz, que lhe confiam, durante quase quarenta anos, o serviço de porteiro no seu colégio de Monreal; e por fim, durante quase trinta anos, é guardião do Oratório de São José nas proximidades do Colégio.

De onde lhe vem pois a sua extraordinária irradiação, a sua popularidade entre milhões de pessoas? Uma quotidiana multidão de doentes, de aflitos, de pobres de todas as espécies, de deficientes ou dos que são feridos pela vida encontravam junto dele, no parlatório do colégio, no Oratório, acolhimento, escuta, reconforto e fé em Deus, confiança na intercessão de São José, em resumo, o caminho da oração e dos sacramentos, e com isto a esperança e com muita frequência o refrigério manifesto do corpo e da alma. Os "pobres" de hoje não teriam igualmente necessidade de tal amor, de tal esperança, de tal educação para a oração?

Mas o que é que dava a capacidade ao Irmão André? Deus dotou de abundante atração e de "poder" maravilhoso este homem simples, que, pessoalmente, tinha conhecido a miséria de ser órfão ao lado de 12 irmãos e irmãs, tinha ficado sem meios, sem instrução, com saúde precária, em breve, desprovido de tudo, salvo de uma grande confiança em Deus.
Não é para admirar que ele se tenha sentido muito próximo da vida de São José, o Operário pobre e exilado, tão íntimo do Salvador, que o Canadá e de modo especial a Congregação da Santa Cruz sempre honraram muito. O Irmão André teve que suportar a incompreensão e o escárnio devido ao sucesso do seu apostolado. Mas mantinha-se simples e jovial. Recorrendo a São José e diante do Santo Sacramento, ele próprio dizia, longamente e com fervor, em nome dos doentes, a oração que lhes ensinava. A sua confiança na virtude da oração não é uma das indicações mais valiosas para os homens e as mulheres do nosso tempo, tentados a resolver os problemas abstendo-se de Deus?

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 23 de maio de 1982

“Estou-lhes enviando um santo”. Essas foram as palavras do padre André Provençal, que conheceu o jovem Alfred Bessette e decidiu apresentá-lo à Congregação da Santa Cruz, em Montreal. Em seguida, o aspirante tomou o nome de irmão André.
Bessette nasceu em 1845 em um povoado chamado Mont-Saint-Grégorie, a 40 km de Montreal, no Canadá, no seio de uma família operária. Quando pequeno, tinha tantas complicações de saúde que seus pais quiseram batizá-lo no mesmo dia que nasceu, pensando que não sobreviveria. Mas morreu aos 91 anos.
Ficou órfão de pai aos 9 anos e de mãe aos 12. Ele e seus 11 irmãos ficaram sob o cuidado de sua tia Rosalie Nadeau e de seu esposo Timothée.
“Maria e José converteram-se em seus pais adotivos”.

Seu pároco quis enviá-lo à Congregação da Santa Cruz, onde inicialmente foi rejeitado pelos problemas de saúde que continuavam ao longo de sua vida. Mas o bispo de Montreal, Dom Ignace Bourget, pediu que reconsiderassem a decisão, e Alfred foi aceito em 1872.
O irmão Bessette foi designado como porteiro do colégio de Nossa Senhora das Neves, próximo de Montreal. Também realizava outros trabalhos ocasionais. Mas ele quis fazer deste um trabalho que fosse algo mais que abrir a porta. “Ele recebia os visitantes e seus parentes. O próximo convertia-se assim na realidade mais importante para o irmão André”.

Sua vida espiritual, suas palavras simples mas cheias de sentido fizeram que cada vez mais as pessoas falassem do porteiro daquele colégio. Muitos enfermos iam lhe pedir consolo, oração e conselhos. “Ele sabia que não se pode amar verdadeiramente a Deus sem amar o próximo nem amar os demais, sem reconhecer a presença de Deus neles”.
Ele dizia aos enfermos que se ungissem com o óleo da lâmpada que havia em uma capela que tinha o nome do santo. Muitos fiéis que fizeram isso ficaram curados, apesar de estarem desenganados pelos médicos. Alguns começaram a dizer que este religioso fazia milagres. Ele insistia que o responsável pelas curas era São José. E por isso, em 1904, teve a iniciativa de construir um santuário em sua honra.

O irmão Bessette começou a reunir um número cada vez maior de seguidores, mas sua vida provocou também algumas reações adversas. Entre eles o doutor Josep Charette, que ridicularizava suas atitudes. Um dia, sua esposa teve uma forte hemorragia nasal, que não se detinha de nenhuma maneira. Ela pediu para ser levada ao religioso, mas o médico recusou. “Você diz que me ama mas é capaz de me deixar morrer sangrando?”, disse a mulher. Charette dirigiu-se a Bessette, que lhe respondeu: “Doutor, regresse a casa, que a hemorragia já se deteve”, e assim foi.

Bessette morreu em 1937. “Nunca se trouxe uma pessoa enferma a André que não regressasse contente a sua casa. Algumas eram curadas. Outras morriam algum tempo depois, mas o irmão André as consolava”, dizia um de seus amigos.

Mais de um milhão de pessoas foram render-lhe homenagem, apesar de seus funerais terem-se celebrado sob mau tempo, no inverno. E ainda hoje, mais de dois milhões e meio de peregrinos e visitantes vêm todos os anos ao oratório de São José em Monte Royal.

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