quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

04 de janeiro - São Manuel Gonzáles Garcia

Os Santos são homens e mulheres que se entranham profundamente no mistério da oração. Homens e mulheres que lutam mediante a oração, deixando rezar e lutar neles o Espírito Santo; lutam até ao fim, com todas as suas forças; e vencem, mas não sozinhos: o Senhor vence neles e com eles. Também estas sete testemunhas, que hoje foram canonizadas, travaram o bom combate da fé e do amor através da oração. 
Por isso permaneceram firmes na fé, com o coração generoso e fiel. Que Deus nos conceda também a nós, pelo exemplo e intercessão delas, ser homens e mulheres de oração; gritar a Deus dia e noite, sem nos cansarmos; deixar que o Espírito Santo reze em nós, e orar apoiando-nos mutuamente para permanecermos com os braços erguidos, até que vença a Misericórdia Divina.

Papa Francisco - Homilia de Canonização - 16 de outubro de 2016

Manuel González García nasceu em Sevilha, em 25 de fevereiro de 1877. Sua vida foi marcada pela sua devoção ao Santíssimo Sacramento, por isso é também conhecido como “o Bispo do Sacrário abandonado”.

Foi o fundador da União Eucarística Reparadora e da Congregação das Missionárias Eucarísticas de Nazaré.

Seu amor à Eucaristia começou um ano depois da sua ordenação sacerdotal, quando encontrou um sacrário muito descuidado. Com efeito, nos primeiros dias de fevereiro de 1902, foi pregar em uma paróquia abandonada e sem prática religiosa, Palomares del Rio, junto ao Guadalquivir. Aqui, na sua oração diante do sacrário pobre e abandonado da igreja paroquial, sonhou vir a ser pároco duma aldeia que não amasse Jesus Cristo, para O fazer amado e acompanhado no sacrário. 
Em 1905 é destinado a Huelva, uma cidade descristianizada e anticlerical, e não pertencente à Arquidiocese de Sevilha, com cerca de vinte mil habitantes; aqui exerceu o ministério como pároco de São Pedro e, três meses depois, também como arcipreste.

Dotado de um notável carisma catequético e eucarístico, desenvolveu intensa atividade de pregação em todos os setores: homilias muito bem preparadas, uma esmerada catequese das crianças e, ainda, a pregação de rua, conversando com todas as pessoas que encontrava no caminho. Começa por cuidar a formação dos que estavam mais perto, para poder vir a chegar aos que estavam mais longe. Dá grande importância aos Sacramentos da Eucaristia, como centro da vida cristã, e da Penitência, com horário de confessionário todos os dias, logo de madrugada.

Em 1915, o padre Manuel é nomeado Bispo auxiliar de Málaga, Administrador Apostólico em 1917 e Bispo residencial em 1919. A sua ação é notável tanto no campo da evangelização, como da ação social. Mas, a sua prioridade foram os sacerdotes, a formação sacerdotal, as vocações e o Seminário. O novo Seminário de Málaga é uma das suas grandes obras, quer a sua construção material, quer, sobretudo, o nível e a qualidade de formação ali promovida, tanto espiritual, como doutrinal e apostólica; queria que ali se formassem “sacerdotes-hóstias”, para servirem a Igreja desinteressadamente, num sacerdócio que fosse não um “ganha pão”, mas, “ganha almas”. Em pouco tempo, teve a alegria de ver quintuplicar o número dos seus seminaristas. Para consolidar a Obra, que já se estendia por toda a parte, em 1921 criou, com a ajuda da sua irmã Maria Antônia, uma congregação religiosa que veio tomar o nome de Missionárias Eucarísticas de Nazaré.

Em 1931 fugiu de Málaga (Espanha) devido à perseguição religiosa e à destruição do palácio episcopal.

Impossibilitado de regressar à sua Málaga querida, aceitou por obediência ser nomeado Bispo de Palência, onde dedicou seus últimos anos de ministério episcopal.

Em junho de 1935 ordenou 14 sacerdotes da diocese madrilena, no fim, já na sacristia, com estes dispostos em duas filas, pôs-se de joelhos e beijou as mãos recém consagradas de cada presbítero, enquanto lhes dizia, banhado em lágrimas: “tratai-O bem, tratai-O bem”!

Embora debilitado, aqui continuou a sua missão, até que, minado por tantos sofrimentos e pela doença, morreu em 4 de janeiro de 1940 e foi enterrado na Catedral de Palencia.

Em seu epitáfio, que ele mesmo escreveu, se lê: “Peço ser enterrado junto a um sacrário, para que meus ossos, depois de morto, como a minha língua e a minha pena durante a vida, estejam sempre dizendo aos passantes: Aí está Jesus! Aí está! Não O deixeis abandonado!”.


São João Paulo II declarou suas virtudes heroicas em abril de 1998 e aprovou o milagre atribuído a sua intercessão para a beatificação em dezembro de 1999 e foi beatificado pelo Papa Francisco em 2016.

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