Na tarde de domingo, 17 de Setembro de 2006,
celebrou-se a Santa Missa de beatificação do Padre Mosé Tovini, na Catedral de
Bréscia (Itália), sacerdote oblato dessa Diocese.
O novo Beato foi um homem humilde, preparado,
generoso e bom, que dedicou toda a sua vida como educador e pastor no silêncio
e no escondimento da vida quotidiana do Seminário e das paróquias.
Definido "pedra preciosa do clero de Bréscia", Padre Mosé Tovini é uma figura contra a corrente, mas muito atual, pois num mundo que ama os refletores e a notoriedade ele ensina que a grandeza do homem reside no humilde serviço realizado diariamente com fidelidade e dedicação, sem se preocupar por aparecer mas por doar a vida, a exemplo de Cristo.
Originário de Cividate Camuno, onde nasceu em
27 de Dezembro de 1877, teve como padrinho de batismo seu tio paterno, que
certamente com o seu exemplo de vida evangélica influenciou muito as escolhas
de Mosé.
Após os estudos básicos, amadureceu nele a
vocação para o sacerdócio. Dócil à ação do Espírito
Santo, com menos de 18 anos de idade, na conclusão dos exercícios espirituais,
em Novembro de 1895 observa: "Desejo
seguir Jesus entre as cruzes e os sofrimentos, embora pudesse com os mesmos
méritos levar uma vida cômoda. Desejo sofrer e pedirei frequentemente esta
graça. Assim que a alcançar, darei graças ao Senhor e pedir-lhe-ei que, se for
do Seu agrado, aumente os padecimentos e lhes dê continuidade, porque é suma
caridade sofrer por amor, porque nos liberta também do pecado, nos leva a obter
méritos enormes para a vida eterna e nos conforma com Jesus, cuja vida foi
repleta de sofrimentos".
Completados os estudos, foi ordenado no dia 9
de Junho de 1900. A sua primeira destinação foi a de Capelão em Astrio di
Breno. Em seguida, a fim de completar os estudos foi enviado para Roma, onde se
formou em Matemática e em Filosofia e Teologia. Durante os anos passados em
Roma ele exerceu um ardoroso apostolado em duas pequenas igrejas na periferia,
frequentadas pelos pobres da zona rural romana: a Cervelletta e a do Repouso.
O principal empenho da sua vida foi a escola
no Seminário. A sua tarefa principal foi a formação
dos candidatos ao sacerdócio, com o ensino da matemática, filosofia,
apologética e dogmática no Seminário e, nos últimos quatro anos, como reitor.
Consciente de que "quem perder a sua vida por causa de Jesus e do seu
Evangelho, há-de salvá-la", por ocasião do 25º aniversário da sua
Ordenação sacerdotal, coroou tal propósito com a entrega total de si,
oferecendo-se como vítima ao Coração misericordioso de Jesus. Ensinava
matemática e filosofia. Professor muito apreciado, era estimado também no mundo
leigo pela sua preparação cultural e científica.
Além do ensino dedicou-se à obra catequética
diocesana contribuindo bastante para a formação dos catequistas nas paróquias
locais e para a habilitação dos professores ao ensino da religião nas escolas
públicas. Particularmente preciosa foi a sua chegada à Ação Católica como
Assistente da Junta Diocesana de 1921 a 1926. Eram tempos difíceis para a
associação que encontrou nele uma guia sábia e apreciada.
De resto, todos sabiam que o
Padre Mosé colocava a celebração da Eucaristia no centro do seu dia e alternava
tarefas e funções com momentos de oração e de devoção, de meditação e adoração,
conservando o seu pensamento sempre orientado para Cristo, o Mestre, o
Salvador, o Pastor a quem abrir a mente e o coração, para depois O encontrar
nos discípulos e nos pobres.
O futuro Papa Paulo VI, que foi seu aluno, interpretava bem a sua alma secreta, quando afirmava: “O passo do sacerdote é cauto, porque se movimenta por cima dos abismos: a Missa, o Breviário, a administração da graça e a da verdade, a edificação da Igreja, a amizade com a dor, o diálogo com o além.” Começar o dia com a celebração da Missa era fundamental. Recordo-me que certa vez Monsenhor Tovini me disse “é uma alegria, um júbilo imenso, porque as outras horas do dia são com frequência muito diferentes”.
Desempenhou muitos cargos na Cúria: no
Tribunal Eclesiástico, Examinador sinodal, censor dos livros. Em 1923 foi
nomeado Cónego da Catedral.
Fiel ao seu mandato, em mansidão e humildade,
faleceu em 28 de Janeiro de 1930, após uma breve enfermidade. Foi sepultado no
cemitério de Cividate Camuno, mas com a propagação da sua fama de santidade, o
seu corpo foi trasladado para a igreja paroquial, onde até hoje é venerado.
No dia 19 de Dezembro de 2005 o Papa Bento
XVI reconheceu a autenticidade do milagre, a favor de um sacerdote que foi
aluno do Padre Tovini: Padre Giovanni Flocchini.
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