Maria,
chamada a ser a Mãe do Salvador e cumulada, por isso, de todas as graças
necessárias ao cumprimento dessa missão.
O nascimento de Maria foi, portanto, motivo de esperança para o mundo inteiro: anunciava já o de Jesus. Era a autora da salvação a despontar; «Ela vem ao mundo e com Ela o mundo é renovado. Ela nasce e a Igreja reveste-se da sua beleza». (Liturgia bizantina).
O nascimento de Maria foi, portanto, motivo de esperança para o mundo inteiro: anunciava já o de Jesus. Era a autora da salvação a despontar; «Ela vem ao mundo e com Ela o mundo é renovado. Ela nasce e a Igreja reveste-se da sua beleza». (Liturgia bizantina).
Não
existe em parte alguma na Bíblia a preocupação em saber o dia em que Maria
nasceu. Mas não se trata disto, evidentemente. A festa de sua
“natividade” segue outra lógica. Faz parte da constelação de celebrações,
colocadas no ciclo de um ano, harmonicamente distribuídas, de tal modo que se
relacionam entre si coerentemente.
Assim faz
a liturgia. Se ela coloca o nascimento de Jesus, por exemplo, no dia 25 de
dezembro, põe o nascimento de João Batista no dia 24 de junho, seis meses
antes, de acordo com o Evangelho. Portanto, as datas se escoram no Evangelho
como seu fundamento, mas se repartem no calendário de acordo com a providência
da fé, que as recorda e as insere no cotidiano da vida.
Desta
maneira, se colocamos a festa da “Imaculada Conceição” no dia oito de dezembro,
é coerente que o nascimento de Maria seja celebrado no dia oito de setembro,
isto é, nove meses depois do dia oito de dezembro. Assim, fica registrado o
fato normal, do nascimento, como para qualquer pessoa humana. Mas ele fica
ressaltado pelo testemunho do Evangelho, o qual garante que Maria foi “cheia de
graça”, fundamentando a convicção de sua concepção imaculada.
Estas
celebrações, cada qual com seu valor e sua intenção específica, acabam
mostrando o mais importante: o mistério de Cristo ilumina agora toda a
realidade e toda a história, que é simbolizada pelo ciclo de cada ano. Nossa
vida agora é iluminada por Cristo, “o sol nascente”, que ilumina toda a
humanidade. E como a lua se encarrega de refletir a luz do sol, e
torná-la mais humana e amena, assim Maria reflete em si mesma, e projeta para
nós, a mesma luz de Cristo, na qual podemos reconhecer nossa própria vida.
Podemos
gritar de alegria hoje:
“Vinde,
todas as nações, vinde, homens de todas as raças, línguas e idades, de todas as
condições: com alegria celebremos a
natividade da alegria do mundo inteiro! Se os gregos destacavam com todo o
tipo de honras – com os dons que cada um podia oferecer – o aniversário das
divindades, impostos aos espíritos por mitos mentirosos que obscureciam a
verdade, e também o dos reis, mesmo se eles fossem o flagelo de toda a
existência, que deveríamos nós fazer
para honrar o aniversário da Mãe de Deus, por quem toda a raça mortal foi
transformada, por quem o castigo de Eva, nossa primeira mãe, foi mudada em
alegria? Com efeito, uma ouviu a sentença divina: «Darás à luz no meio de
penas»; a outra ouviu, por seu turno: «Alegra-te, oh Cheia de Graça». À
primeira disse-se: «Inclinar-te-ás para o teu marido», mas à segunda: «O Senhor
está contigo». Que homenagem
ofereceremos então nós à Mãe do Verbo, senão outra palavra? Que a criação
inteira se alegre e festeje, e cante a natividade de uma santa mulher, porque
ela gerou para o mundo um tesouro imperecível de bondade, e porque por ela o
Criador mudou toda a natureza num estado melhor, pela mediação da humanidade.
Porque se o homem, que ocupa o meio entre o espírito e a matéria, é o laço de
toda a criação, visível e invisível, o Verbo criador de Deus, ao se unir à
natureza humana, uniu-se através dela a toda a criação. Festejemos assim o
desaparecimento da humana esterilidade, pois cessou para nós a enfermidade que
nos impedia a posse dos bens.”
São João Damasceno, discurso para
o nascimento de Nossa Senhora Santíssima, a Mãe de Deus e sempre Virgem Maria.
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