Contrariou o natural desejo de sua família para que se casasse. Anos
depois confessaria: “É muito difícil expressar o quanto eu apreciava a minha
vocação, que apenas o próprio Deus em mim despertara”. No dia 12 de março de
1661 foi ordenado sacerdote por D. Estanislau Samowski, bispo de Przemysl.
Após sua ordenação, padre Estanislau se envolveu com todo o zelo na
atividade pastoral, procurando conciliá-la com outras incumbências de sua
comunidade religiosa.
Consciente de haver cumprido a sua missão, falece a 17 de setembro de
1701 no convento de Góra Kalwaria, pronunciando estas palavras: “Em Vossas
mãos, Senhor, entrego o meu espírito”, tendo abençoado antes os seus coirmãos.
“Autêntico amigo de Cristo e seu apóstolo incansável foi o Beato
Estanislau de Jesus Maria Papczynski. Nascido em Podegrodzie numa pobre família
camponesa, viveu num tempo em que a Polônia, atormentada por numerosas guerras
e pestes, estava a afundar cada vez mais no caos e na miséria. Formado nos
sadios princípios do Evangelho, o jovem Estanislau desejava doar-se a Deus sem
limites e desde a adolescência sentiu-se orientado para a Imaculada Virgem Mãe
de Deus.”
Com o passar do
tempo, o Senhor transformou o pequeno pastor, que gostava pouco de estudar e de
frágil constituição física, num pregador que atraía as multidões com a sua
sabedoria cheia de erudição e de misticismo profundo; num confessor cujo
conselho espiritual era procurado até pelos dignitários da Igreja e do Estado;
num professor cuidadosamente instruído e autor de diversas obras publicadas em
numerosas edições; no fundador do primeiro Instituto masculino polaco,
precisamente a Congregação dos Clérigos Marianos da Imaculada Conceição da
Bem-Aventurada Virgem Maria. Quem o orientou durante toda a existência foi precisamente Maria. No mistério da sua Imaculada Conceição o novo Beato admirava o poder da Redenção realizada por Cristo. Na Imaculada vislumbrava a beleza do homem novo, entregue totalmente a Cristo e à Igreja. Deixava-se fascinar a tal ponto por esta verdade de fé, que estava disposto a dar a vida para a defender. Sabia que Maria, obra-prima da criação divina, é a confirmação da dignidade de cada homem, amado por Deus e destinado à vida eterna no céu. Ele queria que o mistério da Imaculada Conceição distinguisse a Comunidade religiosa que tinha fundado, fosse o seu apoio constante e a verdadeira alegria. Quantas vezes ressoou e continua a ser repetida esta comovedora invocação do Beato Estanislau: "Maria, tu consolas, confortas, amparas, libertas os oprimidos, os que choram, que são tentados, os deprimidos [...]. Ó doce Virgem! Mostra-nos Jesus, fruto bem-aventurado da tua vida!".
Animado pelo amor de Deus, o Beato Estanislau ardia de uma forte paixão
pela salvação das almas e dirigia-se aos seus ouvintes com tons prementes como
este: "Volta portanto para o teu
Pai! Porque andas errante pelo longínquo país das paixões, privado dos
sentimentos de amor do Sumo Bem? Volta para o Pai! Cristo chama-te, vai para
Ele" (Inspectio cordis, 1, 25, 2).
Seguindo o exemplo do Bom Samaritano, detinha-se ao lado de quantos
estavam feridos na alma, aliviava os seus sofrimentos, confortava-os infundindo
neles esperança e serenidade, conduzia-os à "pousada do perdão", que
é o confessionário, ajudando-os assim a recuperar a sua dignidade crista
perdida ou recusada. A caridade divina estimulava o Beato Estanislau a fazer-se evangelizador especialmente dos pobres, do povo simples, socialmente discriminado e descuidado sob o ponto de vista espiritual, de quantos se encontram em perigo de morte.
Consciente de como estava difundida na época a chaga do alcoolismo, com a palavra e com a vida ensinava a sobriedade e a liberdade interior como um antídoto eficaz contra qualquer tipo de dependência. Animado depois por um profundo sentimento de amor pátrio pela República das Nações polaca, lituana e rutena, não hesitava em estigmatizar a busca do próprio interesse em quantos geriam o poder, o abuso da liberdade nobiliária e a promulgação de leis injustas. Ainda hoje o novo Beato lança à Polônia, à Europa, que incansavelmente procura os caminhos da unidade, um convite sempre atual: só lançando bases sólidas em Deus pode haver verdadeira justiça social e paz estável.
O amor do Beato Estanislau pelo homem alargava-se também aos defuntos. Depois de ter vivido a experiência mística
do sofrimento de quantos se encontravam no purgatório, rezava com fervor por
eles e exortava todos a fazer o mesmo.
Ao lado da difusão do
culto da Imaculada Conceição e do anúncio da Palavra de Deus, a oração pelos
defuntos torna-se assim uma das finalidades principais da sua Congregação. O pensamento da
morte, a perspectiva do paraíso, do purgatório e do inferno ajudam a
"empregar" de modo sábio o tempo que transcorremos na terra;
encorajam-nos a considerar a morte como etapa necessária do nosso itinerário
para Deus; estimulam-nos a acolher e respeitar sempre a vida como dom de Deus,
desde a concepção até ao seu fim natural. Que sinal significativo para o mundo dos nossos dias é o milagre da "inesperada continuação da gravidez entre a 7ª e a 8ª semana de gestação" que se verificou por intercessão do Padre Papczynski. O dono da vida humana é Deus!
O segredo da vida é a caridade: o inefável amor de Deus, que ultrapassa
a fragilidade humana, leva o coração do homem a amar a vida, a amar o próximo e
até os inimigos. Aos seus filhos espirituais o novo Beato confiou desde o
início esta recomendação: "Um
homem sem caridade, um religioso sem a caridade, é uma sombra sem o sol, um
corpo sem a alma, simplesmente é uma nulidade. Aquilo que a alma é no corpo, na
Igreja, nas ordens religiosas e nas casas religiosas, é a caridade".
Homilia
de sua beatificação, Cardeal Tarcisio Bertone - 16 de setembro de 2007
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