quinta-feira, 21 de setembro de 2017

21 de setembro - Papa Francisco nos fala de São Mateus

A porta para encontrar Jesus é reconhecer-se pecador.
Três as etapas do acontecido: encontro, festa e escândalo. Jesus havia curado um paralítico e encontra Mateus, sentado no banco dos impostos. Fazia o povo de Israel pagar os impostos para depois dá-los aos romanos e por isto era desprezado, considerado um traidor da pátria.
Jesus olhou para ele e disse: “Segue-me”. Ele levantou-se e o seguiu, como narra o Evangelho do dia.
De um lado, o olhar de São Mateus, um olhar desconfiado, olhava de lado. Com um olho, Deus e com o outro o dinheiro, agarrado ao dinheiro como pintou Caravaggio, e também com um olhar impertinente. De outro, o olhar misericordioso de Jesus que olhou para ele com tanto amor.
A resistência daquele homem que queria o dinheiro “cai”: levantou-se e o seguiu. É a luta entre a misericórdia e o pecado.
O amor de Jesus pode entrar no coração daquele homem porque sabia ser pecador, sabia não ser bem quisto por ninguém, era desprezado.
E justamente a consciência de pecador abriu a porta para a misericórdia de Jesus. Assim, deixou tudo e foi. Este é o encontro entre o pecador e Jesus:
É a primeira condição para ser salvo: sentir-se em perigo; a primeira condição para ser curado: sentir-se doente. E sentir-se pecador, é a primeira condição para receber este olhar de misericórdia. Mas pensemos no olhar de Jesus, tão bonito, tão bom, tão misericordioso. E também nós, quando rezamos, sentimos este olhar sobre nós; é o olhar de amor, o olhar da misericórdia, o olhar que nos salva. Não ter medo.
Como Zaqueu, também Mateus, sentindo-se feliz, convidou depois Jesus para come em sua casa.
A segunda etapa é justamente a festa.
Mateus convidou todos os amigos, “aqueles do mesmo sindicato”, pecadores e publicanos. Certamente à mesa, faziam perguntas ao Senhor e ele respondia.
Isto faz pensar naquilo que disse Jesus no capítulo 15 de Lucas: “Haverá mais festa no Céu por um pecador que se converta do que por cem justos que permanecem justos”.
Trata-se da festa do encontro do Pai, a festa da misericórdia. Jesus, de fato, trata a todos com misericórdia sem limite.
Então, o terceiro momento, o do “escândalo”.
Os fariseus vendo que publicanos e pecadores sentaram-se à mesa com Jesus, perguntavam  aos seus discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?”.
“Um escândalo sempre começa com esta frase: “Por que?” Quando vocês ouvem esta frase, cheira por trás vem o escândalo.
Tratava-se, em substância, da impureza de não seguir a lei. Conheciam muito bem a Doutrina, sabiam como seguir pelo caminho do Reino de Deus, conheciam melhor do que ninguém como se devia fazer, mas haviam esquecido o primeiro mandamento do amor.
E assim, fecharam-se na gaiola dos sacrifícios, quem sabe pensando: “Mas, façamos uma sacrifício a Deus”, façamos tudo o que se deve fazer, assim, nos salvamos. Em síntese, acreditavam que a salvação viesse deles próprios, sentiam-se seguros.
“Não! Deus nos salva, nos salva Jesus Cristo”:
Aquele “por que” que tantas vezes ouvimos entre os fiéis católicos quando viam obras de misericórdia. “Por que?” 
E Jesus é claro, é muito claro: “Ir e aprender”. E os mandou aprender, não? “Ide e aprendei o que quer dizer misericórdia - (aquilo que) eu quero – e não sacrifícios, porque eu não vim, de fato, para chamar os justos, mas os pecadores”.
Se tu queres ser chamado por Jesus, reconhece-te pecador”.
Reconhecer-se pecadores, não de forma abstrata, mas com pecados concretos:  todos nós os temos, tantos.
Deixemo-nos olhar por Jesus com aquele olhar misericordioso cheio de amor”.
Existem tantos escândalos, tantos. E sempre, também na Igreja hoje. Dizem: “Não, não se pode, é tudo claro, é tudo, não, não... eles são pecadores, devemos afastá-los”. Também tantos Santos são perseguidos ou se levanta suspeitas sobre eles. Pensemos em Santa Joana d’Arc, mandada para a fogueira, porque pensavam que fosse uma bruxa, pensem no Beato Rosmini.
“Misericórdia eu quero, e não sacrifícios”.

E a porta para encontrar Jesus é reconhecer-se como somos, a verdade. Pecadores. E ele vem, e nos encontramos. É tão bonito encontrar Jesus!

Papa Francisco - 21 de setembro de 2017

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