"Está escrito no livro do profeta Isaías: 'Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho. Esta é a voz daquele que grita no deserto: 'Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas!'' Foi assim que João Batista apareceu no deserto, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados." Mc 1,2-4
Neste tempo em que vivemos, as
verdades eternas sobre as quais queremos refletir são: primeiro, que todos
somos mortais e ‘não temos aqui cidade permanente’; segundo, que a vida do fiel
não termina com a morte porque nos aguarda a vida eterna; terceiro, que não
estamos sós no pequeno barco do nosso planeta, porque a ‘Palavra se fez carne e
veio morar entre nós’. A primeira dessas verdades é um objeto de experiência,
as outras duas são objetos de fé e esperança.
Olhar a vida do ponto de
observação da morte dá uma ajuda extraordinária para viver bem. Está angustiado
por problemas e dificuldade? Vá à frente, coloque-se no ponto certo: olhe estas
coisas do leito de morte. Como gostaria de ter agido? Qual importância daria a
estas coisas? Tem uma discórdia com alguém? Olhe a coisa do leito de morte. O
que gostaria de ter feito então: ter vencido, o ter se humilhado? Ter
prevalecido, ou ter perdoado? O pensamento da morte nos impede de nos apegarmos
às coisas, de fixar aqui na terra a morada do coração, esquecendo de que não
temos aqui cidade permanente.
Por que ter medo da morte?
Jesus não veio para “libertar os que, por medo da morte, estavam a vida toda
sujeitos à escravidão” (Hb 2,15)? Sim, mas é preciso ter conhecido este medo,
para dele sermos libertados. Jesus veio para ensinar o medo da morte eterna
àqueles que não conheciam além do medo da morte temporal. A ‘segunda morte’,
assim a chama o Apocalipse (Ap 20,6); ela é a única que merece realmente o nome
de morte, porque não é uma passagem, uma Páscoa, mas um terrível terminal. É para
salvar os homens desta desgraça que devemos voltar a pregar sobre a morte.
“Senhor, para os que creem
em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito o nosso corpo
mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível”.
Fr. Raniero
Cantalamessa, OFMCap
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