sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Santa Agostinha Lívia Pietrantoni

 
"Existia uma vez e ainda existe, com renovado aspecto, um povoado chamado Pozzaglia, nas colinas da região da Sabina... E lá havia uma casa abençoada, um ninho repleto de vozes infantis, entre as quais aquela de Olívia, chamada Lívia, que trocará seu nome pelo nome religioso de Agostinha... ".

A breve vida da Irmã Agostinha, define-se assim: "simples, límpida, pura, amorosa... e no final dolorosa e trágica... aliás... simbólica". Esta maneira de ser da Irmã Agostinha inspirou o Papa Paulo  VI,  Papa da sua beatificação em 1972 a traçar o seu percurso espiritual.

27 de março de 1864. No pequeno povoado de Pozzaglia Sabina,  nasce e é batizada Lívia: segunda de 11 filhos. Os pais, Francesco Pietrantoni e Caterina Costantini, eram pequenos agricultores que trabalhavam a própria terra e algum terreno arrendado. A infância e a juventude de Lívia respiram os valores da família honesta, trabalhadora, religiosa e são marcados sobretudo pela sabedoria do avô Domenico, verdadeiro ícone patriarcal na casa abençoada, onde "todos procuravam fazer o bem e a oração era comum...".

Aos quatro anos, Lívia recebe o sacramento da Crisma e por volta de 1876 faz a sua primeira Comunhão, com uma consciência certamente extraordinária, comprovada pela sua posterior vida de oração, de generosidade e de doação. Ainda muito cedo aprende da mãe Caterina as atenções e os gestos de maternidade que exprime com docilidade entre os numerosos imãozinhos, onde todos parecem ter direito ao seu tempo e à sua ajuda. Trabalha no campo e cuida dos animais... Portanto, não tem muito tempo para brincar e para a escola. Mesmo assim consegue obter um grande proveito da sua irregular frequência, tanto a merecer das suas colegas o título de "professora".

Aos 7 anos começa a trabalhar com outras crianças, transportando inúmeros baldes de cascalho e areia para a construção de uma estrada. Aos 12 anos parte com as outras meninas que nos meses invernais se encontram em Tivoli, para a colheita da azeitona. Lívia, com uma sabedoria precoce, assume a responsabilidade moral e religiosa das jovens colegas, lhes é apoio na dureza do trabalho, longe da família e do povoado; com decisão e coragem, lhes é guia também nas relações com os chefes prepotentes e sem escrúpulos.

Lívia é uma jovem admirável pela sabedoria, o senso altruísta, a generosidade, a beleza... e isso não passa despercebido aos olhos dos rapazes do seu povoado. Para a mãe Caterina não passam despercebidos estes gestos de admiração e já sonha para a filha um futuro promissor.
Porém Lívia, o que pensa? Qual o segredo que mantém? Por que não escolhe? Por que não decide?

"Lívia, deixando-se desafiar pela voz interior da vocação, entrega-se: será Cristo o Amor, será Cristo o Esposo... ". A sua busca se orienta rumo a uma vida de sacrifício. Às pessoas da família e do povoado que pretendiam desviá-la da sua decisão, definindo-a uma fuga das dificuldades, Lívia responde: "Quero escolher uma Congregação onde tenha trabalho para o dia e para a noite" e todos estão certos da autenticidade dessas palavras. Uma primeira viagem a Roma, juntamente com o tio Frei Matteo, acaba com uma grande desilusão: Lívia não é aceita. Porém, alguns meses depois, a Superiora Geral das Irmãs da Caridade de S. Joana Antida Thouret, comunica-lhe que a espera na Casa Geral. Lívia adverte que desta vez o adeus é para sempre. Com emoção despede-se dos conterrâneos, de cada lugar do povoado; dos lugares de oração: a Paróquia, a Nossa Senhora da Rifolta; abraça os seus familiares; de joelhos recebe a bênção do avô Domenico "beija a porta da sua casa, faz o sinal da cruz, e parte...".

23 de março de 1886. Lívia chega a Roma aos 22 anos, passando a morar na rua S. Maria in Cosmedin. Alguns meses de Postulado e de Noviciado são suficientes para constatar que a jovem possui todas as condições para ser Irmã da Caridade, isto é, uma verdadeira "serva dos pobres", conforme a tradição de S. Vicente de Paola  de S. Joana Antida. Lívia leva para o convento, como herança familiar, um potencial humano particularmente sólido, que lhe serve de garantia.

Quando veste o hábito religioso e recebe o novo nome de Irmã Agostinha, percebe que ela mesma deverá ser santa com este nome, visto que de fato, não existe uma santa Agostinha!
Enviada ao Hospital Santo Espírito, glorioso pela sua história de 700 anos e definido como "o ginásio da caridade cristã", Irmã Agostinha dá a sua contribuição pessoal a exemplo dos santos que a precederam, entre os quais Carlos Borromeo, José Calasanz, João Bosco, Camilo De Lellis... e naquele lugar de dor manifesta a caridade até o heroísmo.

O clima no hospital é hostil à religião; a questão romana é contrária ao Evangelho: são expulsos os Padres Capuchinhos, é banido o crucifixo e os demais sinais religiosos... Queria-se afastar também as Irmãs, mas teme-se a impopularidade: a elas a vida torna-se " impossível" e é proibido falar de Deus. Irmã  Agostinha porém, não tem necessidade da boca para "gritar Deus" e nenhuma mordaça a pode impedir de anunciar o Evangelho.

O seu serviço, primeiramente no setor das crianças e depois com os tuberculosos, onde se contagia e depois milagrosamente sara. Entre o desespero e a morte de tuberculosos, exprime a sua total entrega e a sua extraordinária atenção a cada paciente, sobretudo aos mais difíceis, violentos e obscenos, como o " Romanelli ".

Em segredo, em um pequeno lugar escondido, Irmã Agostinha, encontra um lugar para a Virgem Maria, para que fique no hospital; a Ela confia os seus "protegidos", prometendo-lhes vigílias de oração e maiores sacrifícios, para obter a graça da conversão dos mais obstinados. Quantas vezes terá oferecido seus serviços a Giuseppe Romanelli? É o pior de todos, o mais vulgar e insolente, sobretudo com ela que se desdobra em atenções e acolhe com grande bondade a mãe cega que vem visitá-lo. Dele se pode esperar de tudo, todos estão aborrecidos. Quando, depois de infinitas bravatas a prejuízo das mulheres da lavanderia, o Diretor o expulsa do hospital, com a sua raiva quer encontrar uma vítima e a indefesa Irmã Agostinha é a vítima designada... "Matar-te-ei com as minhas mãos!", "Irmã Agostinha, não tens mais que um mês de vida!" são as expressões de ameaças que ele faz chegar seguidas vezes, através de bilhetes.

De fato, Romanelli não brinca, mas nem mesmo Irmã Agostinha fixa limites a sua generosidade ao Senhor... Esta pronta a pagar por isso, com a sua própria vida, o preço do amor, sem fugas, sem acusas... Quando, naquele 13 de novembro de 1894, Romanelli a surpreende e a fere mortalmente, dos seus lábios saem somente a invocação à Virgem e palavras de perdão. A Irmã cai de joelhos sem um lamento. Com extremo esforço levanta-se, dá uns passos para a habitação das religiosas, perdoa ao assassino e exala o último suspiro murmurando: Minha Mãe do céu, ajudai-me! A autópsia revelará que o coração tinha sido atravessado em três pontos.
No dia 15 de novembro toda a cidade de Roma se apinha nas ruas, do Hospital do Espírito Santo para o cemitério, a fim de ver passar o caixão da religiosa mártir. Os jornais do tempo referem que estavam presentes mais de 200 mil pessoas.
No dia 12 de novembro de 1972, Paulo VI elevou às honras dos altares, com o título de Beata, a Irmã Agostinha Lívia, falecida aos 30 anos. Ela foi canonizada no domingo, 18 de abril de 1999 por João Paulo II.
Esta Santa tinha feito a promessa solene: Ofereço-me a Deus para amar Nosso Senhor Jesus Cristo e para servi-Lo na pessoa dos pobres. Prometeu e cumpriu.



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