quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Beato Padre Tiago Alberione

Padre Tiago Alberione, Fundador da Família Paulina, foi um dos mais carismáticos apóstolos do século XX. Nascido em San Lorenzo di Fossano (Cuneo), no dia 4 de abril de 1884, recebeu o batismo já no dia seguinte. A família Alberione, constituída por Miguel e Teresa Allocco e por seis filhos, era do meio rural, profundamente cristã e trabalhadora. O pequeno Tiago, o quarto filho, desde cedo passa pela experiência do chamado de Deus: na primeira série do ensino primário, perguntado pela professora o que faria quando se tornasse adulto, ele responde: Vou tornar-me padre! Os anos da infância se encaminham nessa direção. 
A família, transferindo-se para a paróquia de São Martin, diocese de Alba, encontra o pároco, Padre Montersino, que ajuda o adolescente a tomar consciência e dar resposta ao chamado. Com 16 anos, Tiago é recebido no Seminário de Alba. Desde logo se encontra com aquele que para ele será pai, guia, amigo e conselheiro por 46 anos: o cônego Francisco Chiesa. 

Na noite de 31 de dezembro de 1900, noite que divide os dois séculos, põe-se a rezar por quatro horas diante do Santíssimo Sacramento e, na luz de Deus, projeta o seu futuro. Uma “luz especial” veio ao seu encontro, desprendendo-se da Hóstia e a partir daquele momento ele se sente “profundamente comprometido a fazer alguma coisa para o Senhor e para as pessoas do novo século”: “o compromisso de servir à Igreja”, valendo-se dos novos meios colocados à disposição pelo engenho humano. 
No dia 29 de junho de 1907 foi ordenado sacerdote. Como passo seguinte, uma breve, mas significativa experiência pastoral em Narzole (Cuneo), na qualidade de vice-pároco. Lá encontra o bem jovem José Giaccardo, que para ele será o que foi Timóteo para o Apóstolo Paulo. Ainda em Narzole, Padre Alberione amadurece sua reflexão sobre o que pode fazer a mulher engajada no apostolado. 

Conclui que o Senhor o convoca para uma nova missão: pregar o Evangelho a todos os povos, segundo o espírito do Apóstolo Paulo, usando os modernos meios da comunicação. Desse modo, no dia 20 de agosto de 1914, enquanto em Roma morria o sumo pontífice, Pio X, em Alba, o Padre Alberione dava início à “Família Paulina” com a fundação da Pia Sociedade São Paulo. O começo é marcado pela extrema pobreza, em conformidade com a pedagogia divina: “inicia-se sempre no presépio”. 
A família humana — na qual o Padre Alberione se inspira — é constituída por irmãos e irmãs. A primeira mulher a seguir o Padre Alberione é uma moça de vinte anos, de Castagnito (Cuneo): Teresa Merlo. Com o apoio dela, Alberione dá início à congregação das Filhas de São Paulo (1915). Pouco a pouco, a “Família” cresce, as vocações masculinas e femininas aumentam, o apostolado toma seu curso e assume sua forma. 

Em 1923 o Padre Alberione adoece gravemente e o diagnóstico médico não sugere um quadro de esperanças. Mas o Fundador, milagrosamente, retoma o caminho: “Foi São Paulo quem me curou”, dirá em seguida. A partir daquele período aparece nas capelas paulinas a inscrição que em sonho ou em revelação o Divino Mestre dirige ao Fundador: Não temam — Eu estou com vocês - Daqui quero iluminar — Arrependam-se dos pecados. 
No ano seguinte vem à luz a segunda congregação feminina: as Pias Discípulas do Divino Mestre, para o apostolado eucarístico, sacerdotal e litúrgico. Para orientá-las na nova vocação, Padre Alberione chama a jovem Irmã M. Escolástica Rivata, que morrerá nonagenária, em odor de santidade. 

No âmbito apostólico, o Padre Alberione promove a imprensa com edições populares dos Livros Sagrados e aponta para as formas mais rápidas de fazer chegar a mensagem de Cristo aos que estão distantes: os periódicos. Em 1912 já havia sido lançada a revista Vita pastorale endereçada aos párocos; em 1931 surge a Família Cristã, revista semanal com a finalidade de dar alimento para a vida cristã das famílias. Seguirão ainda: La Madre di Dio (1933), “para desvendar as belezas e as grandezas de Maria”; Pastor Bonus (1937), revista mensal em língua latina; Via, Verità e Vita (1952); revista mensal para o conhecimento e o ensino da doutrina cristã; La Vita in Cristo e nella Chiesa (1952), com o objetivo de fazer “conhecer os tesouros da liturgia, difundir tudo aquilo que for relativo à liturgia, viver a liturgia segundo a Igreja”. O Padre Alberione também pensa nos rapazes. Para eles publica Il Giornalino. 
Em outubro de 1938, Padre Alberione funda a terceira congregação feminina: as Irmãs de Jesus Bom Pastor ou “Pastorinhas”, que se dedicam ao apostolado pastoral destinado a auxiliar os Pastores. 

Durante a paralisação forçada pela Segunda Guerra Mundial (1940-1945), o Fundador não se detém na sua jornada espiritual. Vai dando acolhida cada vez mais efetiva à luz de Deus em um clima de adoração e contemplação. E é nesse clima espiritual que começam as meditações que ele a cada dia faz para os filhos e filhas, as diretrizes para o apostolado, a pregação de numerosos retiros espirituais. O desvelo do Fundador é sempre o mesmo: quer que todos entendam que “o primeiro cuidado da Família Paulina deve ser a santidade de vida, o segundo a pureza de doutrina”. Sob essa luz deve ser entendido o seu projeto de uma enciclopédia sobre Jesus Mestre (1959). 
Entre 1957 e 1960, foi fundada a quarta congregação feminina, o Instituto Rainha dos Apóstolos para as Vocações (Irmãs Apostolinas) e dos Institutos de vida secular consagrada: São Gabriel Arcanjo, Nossa Senhora da Anunciação, Jesus Sacerdote e Sagrada Família. Dez Instituições (inclusive os Cooperadores Paulinos) unidas entre si pelo mesmo ideal de santidade e de apostolado: o anúncio de Cristo Caminho, Verdade e Vida ao mundo, mediante os instrumentos da comunicação social. 

Nos anos de 1962-1965, o Padre Alberione é protagonista silencioso, mas atento do Concílio Vaticano II, cujas sessões ele participa diariamente. Nesse meio tempo não faltam tribulações nem sofrimentos: a morte prematura dos seus primeiros colaboradores, Timóteo Giaccardo e Tecla Merlo; a preocupação constante com as comunidades do exterior em dificuldade e, pessoalmente, uma crucificante escoliose, que o incomoda dia e noite. 
Padre Alberione viveu 87 anos. Executou a obra que Deus lhe confiou. No dia 26 de novembro de 1971 deixou a terra para assumir o seu lugar na Casa do Pai. As suas últimas horas tiveram o conforto da visita e da bênção do papa Paulo VI, que jamais ocultou a sua admiração e veneração pelo Padre Alberione. É sempre comovente o testemunho que deu na Audiência concedida à Família Paulina em 28 de junho de 1969 (o Fundador tinha 85 anos): 
«Aí está ele: humilde, silencioso, incansável, sempre vigilante, sempre entretido com os seus pensamentos, que se mobilizam entre a oração e a ação, sempre atento para perscrutar os “sinais dos tempos”, isto é, as mais geniais formas de alcançar as pessoas. O nosso Padre Alberione deu à Igreja novos instrumentos para manifestar-se, novos meios para dar vigor e amplitude ao seu apostolado, nova capacidade e nova consciência da validade e da possibilidade da sua missão no mundo moderno e com os meios modernos. Permita, caro padre Alberione, que o papa goze desse longo, fiel e incansável combate e dos frutos por ele produzidos para a glória de Deus e para o bem da Igreja». 

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