A família, transferindo-se para a paróquia de São Martin, diocese de Alba, encontra o pároco, Padre Montersino, que ajuda o adolescente a tomar consciência e dar resposta ao chamado. Com 16 anos, Tiago é recebido no Seminário de Alba. Desde logo se encontra com aquele que para ele será pai, guia, amigo e conselheiro por 46 anos: o cônego Francisco Chiesa.
Na noite de 31 de dezembro de 1900,
noite que divide os dois séculos, põe-se a rezar por quatro horas diante do
Santíssimo Sacramento e, na luz de Deus, projeta o seu futuro. Uma “luz
especial” veio ao seu encontro, desprendendo-se da Hóstia e a partir daquele
momento ele se sente “profundamente comprometido a fazer alguma coisa para o Senhor
e para as pessoas do novo século”: “o compromisso de servir à Igreja”,
valendo-se dos novos meios colocados à disposição pelo engenho humano.
No
dia 29 de junho de 1907 foi ordenado sacerdote. Como passo seguinte, uma breve,
mas significativa experiência pastoral em Narzole (Cuneo), na qualidade de
vice-pároco. Lá encontra o bem jovem José Giaccardo, que para ele será o que
foi Timóteo para o Apóstolo Paulo. Ainda em Narzole, Padre Alberione amadurece
sua reflexão sobre o que pode fazer a mulher engajada no apostolado.
Conclui que o Senhor o convoca para uma
nova missão: pregar o Evangelho a todos os povos, segundo o espírito do
Apóstolo Paulo, usando os modernos meios da comunicação. Desse
modo, no dia 20 de agosto de 1914, enquanto em Roma morria o sumo pontífice,
Pio X, em Alba, o Padre Alberione dava início à “Família Paulina” com a
fundação da Pia Sociedade São Paulo. O
começo é marcado pela extrema pobreza, em conformidade com a pedagogia divina:
“inicia-se sempre no presépio”.
A
família humana — na qual o Padre Alberione se inspira — é constituída por
irmãos e irmãs. A primeira mulher a seguir o Padre Alberione é uma moça de
vinte anos, de Castagnito (Cuneo): Teresa Merlo. Com o apoio dela, Alberione dá
início à congregação das Filhas de São Paulo (1915). Pouco a pouco, a “Família”
cresce, as vocações masculinas e femininas aumentam, o apostolado toma seu
curso e assume sua forma.
Em
1923 o Padre Alberione adoece gravemente e o diagnóstico médico não sugere um
quadro de esperanças. Mas o Fundador, milagrosamente, retoma o caminho: “Foi
São Paulo quem me curou”, dirá em seguida. A partir daquele período aparece nas
capelas paulinas a inscrição que em sonho ou em revelação o Divino Mestre
dirige ao Fundador: Não temam — Eu estou
com vocês - Daqui quero iluminar — Arrependam-se dos pecados.
No
ano seguinte vem à luz a segunda congregação feminina: as Pias Discípulas do
Divino Mestre, para o apostolado eucarístico, sacerdotal e litúrgico. Para
orientá-las na nova vocação, Padre Alberione chama a jovem Irmã M. Escolástica
Rivata, que morrerá nonagenária, em odor de santidade.
No
âmbito apostólico, o Padre Alberione promove a imprensa com edições populares
dos Livros Sagrados e aponta para as formas mais rápidas de fazer chegar a
mensagem de Cristo aos que estão distantes: os periódicos. Em 1912 já havia
sido lançada a revista Vita pastorale endereçada aos párocos; em 1931 surge a
Família Cristã, revista semanal com a finalidade de dar alimento para a vida
cristã das famílias. Seguirão ainda: La Madre di Dio (1933), “para desvendar as
belezas e as grandezas de Maria”; Pastor Bonus (1937), revista mensal em língua
latina; Via, Verità e Vita (1952); revista mensal para o conhecimento e o
ensino da doutrina cristã; La Vita in Cristo e nella Chiesa (1952), com o
objetivo de fazer “conhecer os tesouros da liturgia, difundir tudo aquilo que
for relativo à liturgia, viver a liturgia segundo a Igreja”. O Padre Alberione
também pensa nos rapazes. Para eles publica Il Giornalino.
Em
outubro de 1938, Padre Alberione funda a terceira congregação feminina: as
Irmãs de Jesus Bom Pastor ou “Pastorinhas”, que se dedicam ao apostolado pastoral
destinado a auxiliar os Pastores.
Durante
a paralisação forçada pela Segunda Guerra Mundial (1940-1945), o Fundador não
se detém na sua jornada espiritual. Vai dando acolhida cada vez mais efetiva à
luz de Deus em um clima de adoração e contemplação. E é nesse clima espiritual
que começam as meditações que ele a cada dia faz para os filhos e filhas, as
diretrizes para o apostolado, a pregação de numerosos retiros espirituais. O
desvelo do Fundador é sempre o mesmo: quer que todos entendam que “o primeiro
cuidado da Família Paulina deve ser a santidade de vida, o segundo a pureza de
doutrina”. Sob essa luz deve ser entendido o seu projeto de uma enciclopédia
sobre Jesus Mestre (1959).
Entre
1957 e 1960, foi fundada a quarta congregação feminina, o Instituto Rainha dos
Apóstolos para as Vocações (Irmãs Apostolinas) e dos Institutos de vida secular
consagrada: São Gabriel Arcanjo, Nossa Senhora da Anunciação, Jesus Sacerdote e
Sagrada Família. Dez Instituições (inclusive os Cooperadores Paulinos) unidas
entre si pelo mesmo ideal de santidade e de apostolado: o anúncio de Cristo
Caminho, Verdade e Vida ao mundo, mediante os instrumentos da comunicação
social.
Nos
anos de 1962-1965, o Padre Alberione é protagonista silencioso, mas atento do
Concílio Vaticano II, cujas sessões ele participa diariamente. Nesse meio tempo
não faltam tribulações nem sofrimentos: a morte prematura dos seus primeiros
colaboradores, Timóteo Giaccardo e Tecla Merlo; a preocupação constante com as
comunidades do exterior em dificuldade e, pessoalmente, uma crucificante
escoliose, que o incomoda dia e noite.
Padre
Alberione viveu 87 anos. Executou a obra que Deus lhe confiou. No dia 26 de
novembro de 1971 deixou a terra para assumir o seu lugar na Casa do Pai. As
suas últimas horas tiveram o conforto da visita e da bênção do papa Paulo VI,
que jamais ocultou a sua admiração e veneração pelo Padre Alberione. É sempre
comovente o testemunho que deu na Audiência concedida à Família Paulina em 28
de junho de 1969 (o Fundador tinha 85 anos): «Aí está ele: humilde, silencioso, incansável, sempre vigilante, sempre entretido com os seus pensamentos, que se mobilizam entre a oração e a ação, sempre atento para perscrutar os “sinais dos tempos”, isto é, as mais geniais formas de alcançar as pessoas. O nosso Padre Alberione deu à Igreja novos instrumentos para manifestar-se, novos meios para dar vigor e amplitude ao seu apostolado, nova capacidade e nova consciência da validade e da possibilidade da sua missão no mundo moderno e com os meios modernos. Permita, caro padre Alberione, que o papa goze desse longo, fiel e incansável combate e dos frutos por ele produzidos para a glória de Deus e para o bem da Igreja».
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