São
Vicente Ferrer nasceu em Valência, na Espanha, em 1350. De família nobre,
Vicente foi o quarto filho do casal. Passou a infância e a juventude junto aos
padres dominicanos, que tinham um convento próximo de sua casa. Percebendo sua
vocação, pediu ingresso na Ordem dos Pregadores (dominicanos) aos dezessete
anos.
Depois
de sua profissão religiosa, que aconteceu em 1368, até chegar o tempo de ele
ser ordenado padre, em 1374, São Vicente ensinava filosofia e estudava teologia
nas regiões de Lérida, Tolosa e Barcelona. Com um conhecimento da exegese
bíblica que chegava à perfeição e, igualmente, possuindo um profundo
conhecimento da língua hebraica, ele voltou para Valência em 1373. Lá, lecionou
teologia, fez inúmeras pregações, escreveu suas obras e aconselhou aos
que o procuravam. Durante um período de seca na região, São
Vicente ficou famoso ao prever que navios carregados de grãos chegariam à
região.
Quando
um italiano foi eleito papa, Urbano VI, as correntes políticas francesas não o
aceitaram e elegeram outro, um francês, Clemente VII, que foi residir em
Avinhão, na França. A Igreja dividiu-se em duas, ocorrendo o chamado cisma da
Igreja ocidental, porque ela ficou sob dois comandos, o que durou trinta e nove
anos.
Em
1379 Vicente foi trabalhar com o Cardeal Pedro de Luna. Ele era o Núncio
Apostólico no palácio de Aragão, e futuro antipapa Bento XIII. São Vicente
ensinou teologia na escola que funcionava na Catedral de Valência, de 1385 a
1390. Ele foi convidado para ser o confessor apostólico de Bento XIII, que era,
na verdade, um antipapa, na cidade de Avignon, França. Vicente não aceitou o
cargo e ainda recusou a chance de se tornar cardeal, percebendo que Bento XIII
não tinha realmente a autoridade papal vinda dos apóstolos.
São
Vicente adoeceu e por pouco não morreu durante a invasão de Avignon, mas ele se
recuperou milagrosamente. A história diz que ele teve uma visão de Jesus Cristo
junto com São Francisco de Assis e São Domingos. Na bendita visão ele teria sido
orientado a pregar o Evangelho fervorosamente.
Porém,
ele encontrou a resistência do antipapa que relutava em dar a sua permissão
para Vicente deixar Avignon. Em 1389, Bento XIII finalmente deu a sua permissão
e Vicente saiu em pregação por todas as regiões da Europa do Ocidente. Com
muita sabedoria e eloquência ele atraia multidões, ficando bem conhecido no
meio cristão.
Ao
ouvirem sua voz, as inimizades públicas cessavam, reconciliando-se. Os
pecadores sentiam-se movidos ao arrependimento e as pessoas sedentas de
perfeição o seguiam. Às vezes mais de 15.000 pessoas se juntavam para ouvi-lo,
o que naquela época, era coisa difícil de acontecer. Pregava a unidade da
Igreja e um milagre aconteceu: enquanto falava em sua língua materna, muitos
que não eram do país ouviram-no em sua própria língua.
São
Vicente Ferrer foi um dos santos que mais trabalhou pela conversão dos judeus e
dos muçulmanos. E ele fez isso com todo o seu coração. Alguns historiadores
chegam a afirmar que converteu cerca de 25.000 judeus e mais de 8.000
islamitas.
Por ocasião do Domingo
de Ramos de 1407, estando ele em
pregação na igreja de Ecija, Espanha, uma mulher judia, cheia de riquezas e
poder, ia assistir os sermões de São Vicente por mera curiosidade. Ela fazia
questão de manifestar sarcasmos e desprezo pelas palavras de São Vicente
Ferrer. Por fim, ela atravessou no meio do povo para ir embora. Estava
claramente cheia de raiva e não se continha.
Todos
os presentes ficaram indignados. Mas São Vicente disse bem alto: "Deixai-a sair, porém afastai-vos do
pórtico". O povo obedeceu. Quando a mulher passou sob o
pórtico, este caiu sobre ela, e ela faleceu. Ela permaneceu por vários minutos
ali, morta, inerte, sem batimentos cardíacos confirmado por várias testemunhas.
São Vicente caminhou até o corpo da mulher e ordenou com voz forte e poderosa: "Mulher, em nome de Jesus Cristo, volte à vida!" E a mulher ressuscitou. Todos ficaram maravilhados.
Após o milagre, a senhora se converteu ao catolicismo. Todos os anos, em Ecija,
uma procissão comemorava o extraordinário fato da morte e conversão da mulher
judia.
São
Vicente Ferrer foi nomeado como juiz para escolher o sucessor da coroa de Aragon.
Ferdinando I foi coroado rei. Seu grande feito foi por fim ao Cisma que dividia
a Igreja desde o ano de 1378. Vicente pediu publicamente para que o papa Bento
XIII renunciasse ao pontificado para o bem geral da Igreja Católica. Assim, os
dois papas renunciaram ao mesmo tempo, para o bem da unidade do cristianismo.
Vicente retirou seu apoio ao papa Bento XIII e, com sua atuação, ajudou a
eleger o novo papa, Martinho V, trazendo de novo a união da Igreja ocidental.
As nuvens negras dissiparam-se, mas as conversões e as graças por obra de
Vicente Ferrer ficarão por toda a eternidade. Ele pregou no Concílio de
Constance, em 1418, para a reconciliação da Igreja.
Ele
morreu no dia 5 de abril de 1419, na cidade de Vannes, Bretanha, na França. Foi
canonizado pelo papa Calisto III, em
1458, que o declarou padroeiro de Valência e Vannes. São Vicente Ferrer foi um
dos maiores pregadores da Igreja do segundo milênio e o maior pregador do
século XIV.
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