Nascido em Tódi, na Umbria,
foi Diácono da Igreja de Roma quando eleito em 5 de julho (649) como sucessor
de Teodoro
I ,
durante seu governo teve o espinhoso dever de combater o Tipo,
um famoso edito herético do imperador Constante II e, do
lado sagrado, pela
primeira vez se celebrou a festa da Virgem Imaculada, em 25 de março.
O novo papa, de caráter
indomável, era profundo conhecedor dos segredos da Corte bizantina, onde
residira durante longos anos como núncio.
Poucos meses depois de assumir,
condenou os bispos do Oriente protegidos pelo Imperador bizantino e reuniu um
concílio em Latrão, uma reunião de 150 bispos, os quais, apoiados nas decisões
dos cinco primeiros maiores concílios, condenaram os editos heréticos Ektésis e Tipo,
dos imperadores Heráclio e Constante II, uma firme condenação da
heresia monotelista e dos editos imperiais referentes a ela.
O sínodo de Latrão definiu a
doutrina católica sobre a vontade e a natureza de Cristo, condenando os
monotelistas que só admitiam em Cristo a
existência da vontade divina. Esse gesto despertou a ira do imperador do
Oriente,Constante II, que não deu reconhecimento imperial a sua eleição
e o declarou destituído.
Ordenou então, a seu
representante em Ravena, Olímpio, que prendesse o papa Marinho I. Querendo
agradar ao poderoso imperador, Olímpio resolveu ir além das ordens: planejou
matar Martinho. Armou um plano com seu escudeiro, que entrou no local de uma
missa em que o próprio papa daria a santa comunhão aos fiéis. Na hora de
receber a hóstia, o assassino sacou de seu punhal, mas ficou cego no mesmo
instante e fugiu apavorado. Impressionado, Olímpio aliou-se a Martinho e
projetou uma luta armada contra Constantinopla. Mas o papa perdeu sua defesa
militar porque Olímpio morreu em seguida, vitimado pela peste que se alastrava
naquela época.
Perseguido e ameaçado de
morte, recebeu apoio do clero e do povo romano, mas para evitar derramamento de
sangue, deixou-se prender em Latrão (653) pelo general Calíopas,
governador de toda a Itália.
Conta-se que papa, velho e
enfermo, apresentou-se na igreja de Santa Maria Maior, transportado num leito,
e levado pelo rio Tibre preso numa barca.
Meses e meses ele passou
pelas ilhas do Mediterrâneo, até chegar a Constantinopla, onde foi julgado em
praça pública (654) e condenado ao exílio como herege, inimigo da Igreja e do
Estado. Não reconhecendo autoridade em seus juízes e não respondendo as
inquisições, foi despido de suas vestes pontificais e, quase desnudo, conduzido
acorrentado pelas ruas da cidade. Exilado em Chersoneso, na ilha de Naxos, na
Criméia, de lá escreveu aos Romanos duas nobres cartas, em que narrava seu
martírio causado pelas enfermidades e pelo abandono.
Lá morreu como mártir
no ano seguinte, em conseqüência dos maus tratos sofridos, encerrando, assim,
mais de três anos na prisão e no exílio, dos seis anos em que permaneceu
no pontificado (649-655).
O papa Martinho foi o último
papa a ser martirizado, faleceu nas terras despovoadas de Chersoneso, Criméia,
e foi sucedido por São Eugênio
I (655-657).
Nenhum comentário:
Postar um comentário