quinta-feira, 23 de março de 2017

23 de março - Santa Rafqa Choboq Ar-Rayès

Ao canonizar a Beata Rafqa Choboq Ar-Rayès, a Igreja ilumina de maneira particular o mistério de amor dado e recebido para a glória de Deus e para a salvação do mundo. Esta monja da Ordem libanesa maronita desejava amar e dar a sua vida pelos irmãos. Nos sofrimentos que não deixaram de atormentá-la durante os últimos vinte e nove anos da sua existência, santa Rafqa manifestou sempre um amor generoso e apaixonado pela salvação dos seus irmãos, haurindo da sua união a Cristo, morto na cruz, a força para aceitar voluntariamente e amar o sofrimento, caminho autêntico de santidade.
Oxalá Santa Rafqa vigie sobre quantos conhecem o sofrimento, sobretudo sobre os povos do Médio Oriente que se confrontam com a espiral destruidora e estéril da violência! Mediante a sua intercessão, peçamos ao Senhor que abra os corações à busca paciente de novos caminhos para a paz, apressando os dias da reconciliação e da concórdia!

Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 10 de junho de 2001

Santa Rafqa nasceu na pequena aldeia de Himlaya (Líbano), em 29 de Junho de 1832. Filha única recebeu no Batismo o nome de Boutroussyeh e desde a mais tenra infância os seus pais lhe ensinam a amar a Deus e a rezar diariamente.

Aos sete anos de idade perdeu a mãe e, em 1847, seu pai contrai um novo matrimonio. Encantadora, sociável, de boa índole e de religiosidade profunda e humilde, Rafqa é fruto de uma disputa entre duas famílias, cujos filhos veem nela a futura esposa. Desiludida, decide entrar num convento e pede a Deus que a assista na sua causa.

Ao entrar na igreja do convento de Nossa Senhora da Libertação, em Bikfaya, sente uma alegria interior indescritível e vê confirmada a vocação para se consagrar a Deus, mesmo contra a vontade do seu pai e da madrasta. Recebe o hábito a 9 de Fevereiro de 1855 e emite os votos em 10 de Fevereiro do ano seguinte.

Em 1858 é enviada para o Seminário de Ghazir, então jesuíta, para ensinar as candidatas à vida religiosa e trabalhar na cozinha. Nos momentos livres, aperfeiçoa o seu conhecimento da língua árabe e a aritmética.

Em seguida, desempenha o seu serviço de religiosa em várias escolas nas montanhas do Líbano. Em 1860 é transferida para Deir al-Qamar onde ensina o Catecismo aos jovens, e nesse ano têm lugar os episódios que ensanguentam o País. Rafqa testemunha o martírio de muitas pessoas e salva uma criança da morte. Depois, é transferida para Maad, onde funda uma escola para instruir as jovens.

Enquanto a sua vocação se consolida cada vez mais, sente-se chamada à vida monacal. Assim, depois de rezar para ser iluminada na sua decisão, recebe o hábito de monja em 1871 e, no ano seguinte, emite os solenes votos religiosos com o nome de Rafqa.

Em 1885, Rafqa foi acometida de sérias dores de cabeça. Acompanhada por uma irmã, foi ao médico em Trípoli, onde se constatou um grave dano ao nervo óptico. Depois de jorrar pus por mais de um mês, foi perdendo progressivamente a visão: primeiro o olho esquerdo, depois o direito, até que ambos começaram a sangrar.

Rafka começou a sentir dores terríveis na cabeça e nos olhos. Após os exames médicos foi submetida a várias cirurgias. Durante a última houve um erro médico e ela ficou sem chance de cura. Rafka aceitou toda aquela lenta agonia tendo a certeza que deste modo participava da Paixão de Jesus Cristo e no sofrimento da Virgem Maria.

Foram vinte e seis anos de sofrimento na cidade de Aitou. Depois, com outras cinco religiosas, Rafka foi transferida para o novo convento dedicado a São José, em Grabta. Neste período ficou completamente cega e paralítica. Mesmo assim se manteve feliz porque podia usar as mãos, fazendo meias e malhas de lã. Rafka ainda vivia e a população falava dela como santa

Completamente cega, com uma paralisia progressiva dos membros a partir de 1907, Rafqa esperou humildemente sua morte. Três dias antes de falecer, disse: "Eu não tenho medo da morte que tanto esperei. Deus me fará viver através de minha morte".
Aos 23 de março de 1914, logo após receber a Unção dos Enfermos e a Eucaristia, Rafqa entregou sua alma a Deus. Tinha então 82 anos.

Depois da sua morte a sua fama se difundiu por todo o Líbano, Europa, e nas Américas.Os prodígios e milagres foram se acumulando.
Em 09 de junho de 1984, Vigília de Pentecostes, na presença de Sua Santidade, o Papa João Paulo II, foi aprovado um decreto tendo em vista o milagre relativo a Elizabeth Ennakl, que foi completamente curada de um câncer uterino após visitar o túmulo de Rafqa, ainda no ano de 1938.
Em 16 de novembro de 1985 o mesmo Papa João Paulo II beatificou-a e em 10 de junho de 2001, canonizou-a na Praça de São Pedro, em Roma.

Oração da Santa Rafqa:

Ó Senhor Jesus Cristo, nosso Deus, Tu gravaste a imagem de Tua Paixão na vida Santa Rafqa fazendo dela mestra e operária orando e compartilhando Contigo o Mistério da Redenção. Aqui estamos, humildemente diante de Ti, orando e pedindo a intercessão de Santa Rafqa (Rebeca) para que as crianças sejam abençoadas, os doentes recebam a graça da cura e os que sofrem, a alegria e a felicidade e para que aqueles que oram nas Igrejas e Mosteiros tenham seus pedidos atendidos. (pedir a graça)
E assim como Tu honraste Rafqa com a visão da Tua Luz Celestial, permita-nos viver como Rafqa viveu durante toda sua vida na Fé, na Esperança e na Caridade, a fim de que com ela, com a Virgem Maria e todos os Santos, Te glorifiquemos e agradeçamos até o fim dos tempos. Amém.

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