quinta-feira, 2 de março de 2017

02 de março - Santa Inês de Praga


Inês (Anezka) de Praga, pertencia à família real da Boêmia. Foi uma das grandes figuras do mundo eslavo, e a mais destacada propagadora da Ordem de Santa Clara na sua pátria. Com sua paixão intensa e fiel pela pobreza, é uma das testemunhas mais autênticas do carisma franciscano e sua figura provocou sempre um grande interesse, sobretudo em sua terra de origem.

Era filha do rei Otocar I da Boêmia e de Constância da Hungria; nasceu em Praga em 1211. Conforme um costume corrente na época medieval entre as famílias nobres, aos três anos de idade foi prometida em casamento a Boleslau, filho de Henrique, rei da Silésia; foi educada por algum tempo no mosteiro de Santa Edviges, de modo especial para fazer-se santa. Com a morte prematura do futuro esposo, quando ela contava apenas nove anos, em 1220, retornou à corte paterna e foi-lhe contratado matrimônio com Henrique VII, filho do Imperador Frederico II da Alemanha (1215-1250), que residia na corte da Áustria, para onde Inês foi transferida. Henrique, no entanto, faltou ao pacto e decidiu contrair matrimônio com Margarida, filha do arquiduque Leopoldo da Áustria. Inês voltou à Boêmia e convenceu o pai de não guerrear contra Leopoldo da Áustria.
Assim, sucederam-se os pretendentes, entre os quais Henrique II da Inglaterra e ainda mesmo o próprio Frederico II da Alemanha, depois que ficou viúvo. Ele era o mais insistente dos pretendentes, chegando às vezes a abordá-la para pedi-la em casamento. Como Inês percebeu que apenas suas palavras não seriam suficientes, passou a entregar-se às suas orações com mais fervor, e provar a ele e a todos que a desejassem desviá-la do seu caminho que Deus era o seu maior desejo.
Mas eram tantos os que vinham interceder a favor do Imperador que Inês viu-se obrigada a escrever ao Papa Gregório IX para que intercedesse por ela e a ajudasse a livrar-se desse tormento. O Papa ficou admirado com a tenacidade e a fé de Santa Inês e enviou um de seus mais hábeis assessores para pessoalmente defender Inês, desencorajando o Imperador apaixonado. A firmeza com que o religioso e Santa Inês explicaram o que significava consagrar-se a Deus finalmente convenceram a Frederico II a renunciar o seu amor de homem, e ele tornou-se inclusive uma pessoa de fé inabalável.
Santa Inês pode então ficar livre para abraçar a sua verdadeira vocação.


A partir de 1225 os Frades Menores estabelecidos em Praga sob os cuidados de Inês e da família real, transmitem as notícias sobre as novas formas de vida religiosa iniciadas por Francisco e Clara na Itália. Logo a princesa sentiu-se profundamente atraída pelo movimento franciscano e clariano e tornou-se fecunda batalhadora da vida evangélica. Com suas posses fez construir uma igreja e um convento para os Frades Menores em Praga.
Depois da morte do pai, mandou edificar um hospital para os enfermos pobres, dedicado a São Francisco. Este hospital foi entregue por Inês à fraternidade dos Hospitaleiros, que se tornou uma verdadeira Ordem religiosa masculina, com o nome de Crucíferos da Estrela Vermelha, aprovados por Gregório IX.

Os documentos lembram a princesa Inês como protetora e benfeitora da obra. Os Crucíferos tinham como ideal evangélico “estar a serviço” e escolheram viver sob a Regra de Santo Agostinho, colocando-se sob a proteção da princesa e de toda a família real de Praga.

Depois de conhecer os Frades Menores e de ter construído a igreja e o convento de São Francisco para os Frades Menores, mandou construir junto a estes um mosteiro para as Irmãs Pobres, no qual ela mesma pretendia ingressar. A finalização dos trabalhos se deve ao rei Venceslau I, irmão de Inês, que assumira o reinado após a morte do pai. Neste mosteiro a princesa Inês organizou a vida religiosa, solicitando um grupo de irmãs diretamente do Mosteiro de São Damião de Assis.

Com estas clarissas e mais sete jovens da nobreza boêmia, iniciou a vida religiosa na festa de Pentecostes de 1234 no Mosteiro das Pobres Damas de São Damião de Praga, vivendo reclusa até sua morte em 1282. A seu exemplo, muitas outras mulheres, jovens e viúvas da nobreza boêmia, polonesa e morávia começaram a construir mosteiros e a ingressar neles.
O ideal clariano de contemplação foi semeado naquelas regiões, tanto pelas clarissas como pelos frades, destacando muitas mulheres com os títulos de bem-aventurada e santa.

A partir de então, foi necessário construir um novo mosteiro, mais amplo, para acolher o grande número de vocações. Para este mosteiro, intitulado São Francisco, transferiram-se as irmãs, com a sua abadessa Inês. O crescimento da comunidade havia sido fabuloso: as irmãs já chegavam a cem neste período e continuaram aumentando.

Ela gostava de cuidar dos pobres e remendava pessoalmente as roupas dos leprosos e cuidava deles, e milagrosamente, nunca contraiu a terrível doença.
Apesar de nunca terem se encontrado, Santa Clara de Assis e ela trocaram extensas cartas durante duas décadas e várias dessas cartas ainda existem até hoje, e provam uma sabedora fora do comum no entendimento da Fé e de Jesus.

Faleceu em 6 de março de 1282 no Convento São Salvador, em Praga, de causas naturais.

Beatificada em 1874 pelo Papa Pio IX e canonizada em 12 de novembro de 1989 pelo Papa João Paulo II.
Seu túmulo logo se tornou um local de peregrinação e vários milagres foram atribuídos a sua intercessão
 

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