
Seus pais Cláudio Poussepin e Juliana Fourrier
formavam um casal de sólidas convicções religiosas que transmitiram a seus sete
filhos, dos quais somente dois, Maria e Cláudio, chegaram a idade adulta. Era
uma família relativamente abastada, mas o pai acabou na falência.
Maria era a mais velha e ainda jovem teve que
retomar a fábrica de meias de seda de seu pai não só para prover às
necessidades da sua família, mas também para a economia da aldeia. Nessa época
a miséria era muito grande: as colheitas eram más, as doenças e as guerras
frequentes deixavam a população num estado dramático.
Em 1685, o ateliê Poussepin era o único na França a
fazer das meias uma profissão, e formar gerações de aprendizes. Em 1702,
Dourdan, graças ao zelo da Srta. Poussepin, era a segunda cidade da França na
fabricação de meias.
Como diretora da empresa, Maria introduziu novas
máquinas e contratou jovens entre 15 e 22 anos, e fixou uma produção semanal
mínima, quatro pares de meias não pagas. Mas, tudo que o aprendiz fazia a mais
era largamente remunerado. Desta forma suprimia a necessidade destes pagarem um
direito de formação à aprendizagem ao mestre de estágio. Esta prática muito
inovadora permitiu oferecer às jovens pobres e aos órfãos, a possibilidade de
adquirir um ofício. Ela criava empregos de modo a permitir que estes jovens
saíssem da miséria por eles mesmos.
Além de sua responsabilidade de chefe de
empresa, Marie Poussepin dedicava-se às obras de caridade da sua cidade como
membro da Associação Internacional da Caridade AIC. Mas pouco a pouco foi
transmitindo as responsabilidades da empresa para seu irmão para se dedicar
mais a caridade.
Em 1692 o Pe. François Mespolié, dominicano, visita
Dourdan e por meio dele Maria conhece a Ordem de São Domingos e encontra nela
as respostas para seus desejos de uma vida espiritual mais intensa. Assim, a
partir de 1693 passou a pertencer a Ordem Terceira Dominicana. Nestes grupos,
Maria tornou-se logo a responsável, pelo zelo que mostrava em visitar os
doentes, as viúvas, os mendigos. Estas obras apresentam as duas vertentes da
sua caridade: a economia e a compaixão.
No início de 1696, Maria deixa Dourdan e se instala
em Sainville, uma aldeia muito pobre, após ter-se comovido com a miséria das
áreas rurais e em especial pelo estado das órfãs, das viúvas, das mulheres doentes
e pela condição da mulher pobre da sua época.
Maria Poussepin fundou ali uma comunidade
dominicana à qual deu todos os bens pessoais. Esta obra instalada na pequena
Sainville é uma inovação: tratava-se de viverem juntas, de acordo com os costumes
dominicanos, mas sem clausura, para poder irradiar a caridade; propunha-se
assim a um desafio: lutar contra a miséria e viver plenamente a vida religiosa.
Em Sainville, Maria organizou uma pequena escola
para as jovens. A comunidade aumentou e rapidamente outras comunidades foram
criadas, sempre a serviço dos mais pobres, dos doentes, das órfãs. Durante a
vida de Maria cerca de vinte comunidades existiam na região parisiense e também
em Chartres.
Maria Poussepin instituiu uma Congregação original,
as Irmãs de Caridade Dominicanas da Apresentação de Tours, onde as Irmãs atuam
gratuitamente a serviço dos pobres e, além disso, devem ganhar a vida (na época
da fundação, trabalho de tecelagem). Coloca o exercício da caridade no centro
da vida religiosa e o trabalho um meio para viver a pobreza religiosa. Maria
dava um lugar proeminente ao trabalho como verdadeira ascese e compromisso
fraternal para atingir os objetivos da Congregação.
A Beata faleceu no convento de Sainville, o
primeiro que se construiu, no dia 24 de janeiro de 1744 e foi beatificada em
1994 pelo Papa João Paulo II.
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