“Quero meditar convosco este mistério que
mostra como Maria enfrenta o caminho de sua vida com grande realismo,
humanidade e concretude.
Três palavras sintetizam o comportamento de
Maria: escuta, decisão e ação. Palavras que indicam um caminho, também para nós,
diante do que o Senhor nos pede na vida. Escuta, decisão, ação.
Escuta. De onde nasce o gesto de Maria de ir a
prima Isabel? De uma palavra do Anjo de Deus: “Isabel, tua parente, em sua
velhice concebeu um filho” (Lc1,36). Maria sabe ouvir Deus. Atenção não é um
simples ouvir superficial mas é ouvir cheio de atenção, com acolhida,
disponibilidade para com Deus.
Maria está atenta a Deus, escuta a Deus, mas
Maria escuta também os fatos, lê os acontecimentos de sua vida. Está atenta a
realidade concreta e não fica na superfície, mas vai ao profundo para acolher o
significado.
Isso vale também para nossa vida. Escuto Deus
que nos fala, escuto também a realidade diária, atenção às pessoas, aos fatos,
porque o Senhor está à porta de nossas vidas e bate de muitos modos. Coloca
sinais em nosso caminho, a nós, cabe a capacidade de vê-los.
A segunda palavra Decisão. Maria não vive da
pressa, da ânsia, mas como destaca São Lucas “meditava todas essas coisas no
seu coração” (Lc2,19). Também no momento decisivo da anunciação do Anjo (cf.
Lc1,26ss) ela também pergunta “como acontecerá isso?”, mas não se detém nem
mesmo no momento da reflexão, dá um passo a mais: decide.
Ela não vive da pressa, mas apenas quando é
necessário vai rapidamente. Maria não se deixa arrastar pelos acontecimentos.
Não evita o esforço de decidir. Isso acontece seja na escolha fundamental que
mudará sua vida – “Eis aqui a escrava do Senhor”-, seja nas escolhas mais
cotidianas, mas também ricas de significado.
Na vida é difícil tomar decisões, muitas vezes
procuramos adiá-las e deixar que os outros decidam por nós, muitas vezes
preferimos deixar-nos arrastar pelos acontecimentos e seguir a moda do momento.
Às vezes sabemos o que devemos fazer, porém não temos coragem ou então porque
nos parece muito difícil, por parecer andar contra a corrente.
Maria, na anunciação, na visitação, nas bodas
de Caná, vai contra a corrente. Maria vai contra a corrente. Ela se coloca à
escuta de Deus, reflete e procura compreender a realidade e decide confiar
totalmente em Deus.
Decide visitar, embora estivesse grávida, sua
parente idosa. Decide confiar no Filho, com insistência, para salvar a alegria
das núpcias.
A terceira palavra Ação. “Maria pôs-se em
viagem e foi depressa”.
Domingo passado eu colocava em destaque este modo de agir de Maria. Apesar das dificuldades, das críticas que teria recebido pela decisão de partir, não se detém diante de nada, ela parte depressa. É a oração diante de Deus, que fala.
Domingo passado eu colocava em destaque este modo de agir de Maria. Apesar das dificuldades, das críticas que teria recebido pela decisão de partir, não se detém diante de nada, ela parte depressa. É a oração diante de Deus, que fala.
Ao refletir e meditar sobre os acontecimentos
da sua vida, Maria não tem pressa, não se deixa questionar pelo momento, não se
deixa arrastar pelos acontecimentos, mas ela pergunta: “O que Deus quer?” Ela
não demora, não se atrasa, mas vai adiante.
A ação de Maria é uma consequência de sua
obediência às palavras do Anjo, mas unidade à caridade. Ela vai até Isabel para
ser-lhe útil. Esta sua saída de casa, de si mesma, por amor, carrega o que tem
de mais precioso: Jesus. Ela carrega seu Filho.
Às vezes, também nós paramos para escutar,
para refletir o que devemos fazer, talvez até tenhamos clara a decisão que
devemos tomar, mas não passamos a ação, tampouco colocamos em jogo nós mesmos,
ao agir depressa em relação aos outros, para levar-lhes a nossa ajuda, a nossa
compreensão, a nossa caridade.
Para levarmos nós mesmos, como Maria, o que
temos de mais precioso e o que recebemos: Jesus e o seu Evangelho, mediante a
Palavra e, sobretudo, mediante o testemunho concreto de nossa ação.”
Papa Francisco - Mensagem
– Encerramento do mês mariano
Praça de São Pedro, Vaticano
31 de maio de 2013
Praça de São Pedro, Vaticano
31 de maio de 2013
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