A solenidade de Todos os Santos recorda-nos que todos somos chamados à santidade. Os Santos e as Santas de todos os tempos, que hoje todos nós celebramos juntos, não são simplesmente símbolos, seres humanos distantes, inalcançáveis. Pelo contrário, são pessoas que viveram com os pés no chão; experimentaram a fadiga diária da existência com os seus sucessos e fracassos, encontrando no Senhor a força para se levantar sempre e continuar o caminho. Daqui podemos compreender que a santidade é uma meta que não pode ser alcançada apenas com as próprias forças, mas é o fruto da graça de Deus e da nossa resposta livre a ela. Portanto, a santidade é dom e chamado.
Como graça de Deus, isto é, o
seu dom, é algo que não podemos comprar nem trocar, mas acolher,
participando assim na mesma vida divina através do Espírito Santo que habita em
nós desde o dia do nosso Batismo. A semente da santidade é precisamente o
Batismo. Trata-se de amadurecer cada vez mais a consciência de que estamos
enxertados em Cristo, porque o ramo está unido à videira, e por isso podemos e
devemos viver com Ele e n'Ele como filhos de Deus. Assim, a santidade é viver
em plena comunhão com Deus, desde agora, durante esta peregrinação terrena.
Mas a santidade, além de ser
dom, é também chamado, é vocação comum de todos nós cristãos, dos
discípulos de Cristo; é o caminho de plenitude que cada cristão é chamado a
percorrer na fé, caminhando para a meta final: a comunhão definitiva com Deus
na vida eterna. A santidade torna-se assim uma resposta ao dom de Deus, porque
se manifesta como uma assunção de responsabilidade. Nesta perspectiva, é
importante assumir um compromisso quotidiano de santificação nas condições,
deveres e circunstâncias da nossa vida, procurando viver tudo com amor e
caridade.
Os Santos que celebramos hoje
na liturgia são irmãos e irmãs que admitiram na sua vida que precisavam desta
luz divina, abandonando-se a ela com confiança. E agora, diante do trono de
Deus (cf. Ap 7, 15), cantam a sua glória para sempre. Eles constituem
a “Cidade Santa”, para a qual olhamos com esperança, como nossa meta
definitiva, enquanto somos peregrinos nesta “cidade terrestre”. Caminhamos para
aquela “cidade santa” onde estes santos irmãos e irmãs nos esperam. É verdade,
estamos cansados pela aspereza do caminho, mas a esperança dá-nos a força para
avançar. Olhando para a vida deles, somos estimulados a imitá-los. Entre eles
há muitas testemunhas de uma santidade da porta ao lado, daqueles que vivem
perto de nós e são um reflexo da presença de Deus.
Irmãos e irmãs, a memória dos
Santos leva-nos a erguer os olhos para o Céu: não para esquecer as realidades
da terra, mas para as enfrentar com mais coragem e mais esperança. Que Maria,
nossa Mãe Santíssima, nos acompanhe com a sua intercessão materna, sinal de
consolação e de esperança segura.
Papa Francisco – 01 de
novembro de 2019
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