terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Beato Nicolau Bunkerd Kitbamrung

Nicolau Bunkerd Kitbamrung nasceu no dia 31 de Janeiro de 1895, em Nakhon Pathom, a cerca de 30 km da cidade de Banguecoque, capital da Tailândia. Os seus pais, José e Inês Poxang Thiang, casaram-se, segundo o rito católico, em 1893. A este seu primeiro filho, deram o nome de Bento, como consta no registro de batismo mas, depois, sempre foi chamado Nicolau.
Vivendo em estreita colaboração com os missionários, foi educado na fé cristã, como aconteceu com os seus cinco irmãos.
Naturalmente reservado, gostava de rezar, de ir sempre à missa e oferecia-se para acolitar o sacerdote celebrante.
Aos 13 anos, entrou no seminário de Bang Xang para fazer os estudos secundários; em 1920, foi frequentar o Seminário Maior de Penang, que já então era um centro internacional de estudos teológicos e agora é, também, sede de uma diocese, dependente da diocese de Kuala Lumpur, na Malásia. Ali, fez os estudos teológicos e preparou-se para o sacerdócio. Revelando uma grande inteligência e uma grande firmeza de caráter, era, ao mesmo tempo, sensível e teimoso. Bom conhecedor do seu temperamento, pediu aos seus superiores que o ajudassem a ser melhor.
Terminados os estudos teológicos, voltou a Banguecoque onde, no dia 24 Janeiro de 1926, com 31 anos, foi ordenado sacerdote, na Catedral da Assunção, juntamente com outros quatro companheiros.
Sacerdote diocesano, começou o seu trabalho pastoral, como colaborador do missionário Padre Durand, das Missões Estrangeiras de Paris, Bang-Nok-Khnuek.

Em Outubro de 1927, chegaram, àquela região, vinte jovens clérigos salesianos, liderada pelo italiano Padre Gaetano Pasotti e alguns outros sacerdotes, para fundar uma missão salesiana. O Padre Nicolau Bunkerd Kitbamrung teve a seu cargo ensinar-lhes a língua tailandesa e ajudá-los a preparar as suas catequeses, continuando a exercer o trabalho apostólico que lhe tinha sido confiado.
No dia 1 de Janeiro de 1928, a Missão de Bang-Nok-Khnuek foi confiada inteiramente aos salesianos. Então, o Padre Nicolau foi nomeado colaborador do missionário francês Padre Mirabel Phitsanulok, Continuando a dedicar-se ao trabalho pastoral, o Padre Nicolau começou a estudar a língua chinesa.

Entre os anos 1930-1937, o Padre Nicolau desenvolveu uma grande atividade missionária no norte da Tailândia. Um dos seus projetos foi o de tentar recuperar o contato com os católicos daquela região que, por diversas razões, tinham abandonado ou negligenciado a prática da vida cristã. Foi uma tarefa enorme: a área a percorrer estava intransitável; grande parte estava, ainda, inexplorada e estendia-se desde a fronteira do Laos até à Birmânia.
O Padre Nicolau fez construir uma capela, em Chiang Mai, como ponto de referência para a sua ação apostólica.
Em 1937, aos 42 anos de idade, o Padre Nicolau foi nomeado Pároco do distrito de Khorat. A sua atividade evangelizadora foi extraordinária e produziu excelentes frutos, entre os seus compatriotas. De 1938 a 1941, ficou, também, responsável pela paróquia vizinha de Non-Kaew. Neste período de grande fervor católico suscitado por ele, começou a guerra Franco-Indochinesa que envolveu, também, a Tailândia. E, como sempre acontece, os missionários e os padres da chamada “religião europeia” é que pagam as consequências.
O Padre Nicolau foi acusado de ser um espião dos franceses; foi preso no dia 12 de Janeiro de 1941 e metido na prisão distrital. Após 40 dias, foi transferido para uma prisão militar, em Banguecoque.
Lá, foi processado, julgado e condenado a quinze anos de prisão. A sua prisão e a pena a que foi condenado de seguida, era resultado do ódio à fé dos católicos e, particularmente, do ódio para com os sacerdotes, especialmente os sacerdotes locais. Às autoridades políticas não agradava que o Padre Nicolau Bunkerd continuasse, mesmo dentro da prisão, a realizar o seu ministério sacerdotal, reconfortando, catequizando e batizando os seus companheiros de prisão e de sofrimento. Por isso, foi transferido para a secção que era destinada às pessoas infectadas com tuberculose, com o objetivo, não declarado, de que contraísse a doença e morresse o mais rapidamente possível. E assim aconteceu…

O Padre Nicolau contraiu tuberculose. Nunca foi assistido ou tratado. Morreu, na prisão, sem qualquer tipo de cuidados, no dia 12 de Janeiro de 1944. Tinha 49 anos.

Em 7 de Março de 1995, a Santa Sé deu a autorização para que a diocese de Banguecoque iniciasse o processo canônico de beatificação. No dia 27 de Janeiro 2000, foi reconhecido o seu martírio.

"Vou louvar para sempre o teu Nome e cantar-te hinos de agradecimento" (Eclo 51, 10). A vida sacerdotal do Padre Nicolau Bunkerd Kitbamrung foi um autêntico hino de louvor ao Senhor. Como homem de oração, o Padre Nicolau sobressaiu da doutrina da fé, na busca de quem estava desorientado e na caridade para com os pobres. Enquanto procurava constantemente tornar Cristo conhecido àqueles que nunca ouviram o Seu nome, o Padre Nicolau enfrentou as dificuldades da missão nas montanhas e na Birmânia. Todos conheciam o vigor da sua fé, quando ele perdoou as pessoas que falsamente o acusavam, privando-o da liberdade e causando-lhe mil sofrimentos. Na prisão, o Padre Nicolau encorajou os seus companheiros de cela, ensinou o catecismo e administrou os sacramentos. O seu testemunho de Cristo exemplificou as palavras de São Paulo: "Somos atribulados por todos os lados, mas não desanimamos; somos postos em extrema dificuldade, mas não somos vencidos por qualquer obstáculo; somos perseguidos, mas não abandonados; prostrados por terra, mas não aniquilados. Sem cessar e por toda a parte levamos no nosso corpo a morte de Jesus, a fim de que também a vida de Jesus se manifeste no nosso corpo" (2 Cor 4, 8-10). Através da intercessão do Beato Nicolau, a Igreja na Tailândia seja abençoada e revigorada no trabalho de evangelização e de serviço.”
Papa São João Paulo II – Homilia de Beatificação
05 de março de 2000


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