quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Algumas Histórias de São Tomás de Aquino

«Um frade tinha notado que frei Tomás deixava sempre o seu lugar de estudo antes das matinas, para descer à igreja e que, para não ser visto dos outros, se apressava a retornar ao seu quarto quanto tocava o sinal das matinas.
Tomado de curiosidade, decidiu um dia observá-lo. Ele entrou por detrás na capela de S. Nicolau, onde se demorou, mergulhado nas suas orações, e vi-o elevar-se nos ares, a dois côvados do chão. Enquanto estava a olhá-lo, cheio de
admiração, ouviu de repente, do lugar para onde o doutor se tinha virado para rezar com lágrimas, uma voz emanando do crucifixo que dizia: “Tomás, tu escreveste bem sobre mim. Que receberás tu de mim como recompensa pelo teu trabalho?”
Ele respondeu: “Nada, senão Vós, Senhor!”
  

«Os noviços são sempre noviços. Tinham-lhe dado a alcunha de “o boi mudo da Sicília”. (...) Pregavam-lhe partidas, brincando com a sua calma imperturbável e a sua confiança imediata. Só uma vez ele respondeu. Tinham gritado à sua janela: “Frei Tomás ! Frei Tomás ! Venha ver depressa ... um boi a voar !”. Obedientemente, ele veio à janela, para ser recebido à gargalhada. “Acreditou! Acreditou! Palerma! Palerma!”. E Tomás disse imperturbável: “Prefiro acreditar que um boi pode voar do que um Dominicano possa mentir”. E o riso acabou.»


«Quando celebrava missa na capela de S. Nicolau, Tomás sofreu uma transformação espantosa. Depois dessa missa não escreveu mais nem nunca mais ditou o que quer que fosse e até deixou o seu material de escrita. Estava nessa altura na terceira parte da Suma, no tratado da Penitência. A Reginaldo estupefato, que não compreendia porque razão ele abandonava a sua obra, o Mestre respondeu simplesmente “Não posso mais”. Voltando à questão um pouco mais tarde, Reginaldo recebe a mesma resposta “Não posso mais. Em
comparação com o que vi, tudo o que escrevi me parece palha”»


«Preso por seus irmãos que não queriam permitir que ele se fizesse Dominicano, uma noite, enquanto Tomás, fechado sozinho no seu quarto, se repousa debaixo de boa guarda, enviam-lhe uma esplêndida jovem, prostituta especializada na sua arte, com a missão de levá-lo à falta por olhares, toques, jogos e outros estratagemas.

Quando a vê, ele que exala já o amor esponsal pela sabedoria de Deus, ele o combatente invencível, sente por permissão da divina Providência em vista de triunfo mais glorioso, a excitação da carne que habitualmente tinha sob o domínio da razão. 
Brandindo um carvão ardente tirado da chaminé, expulsa com indignação a cortesã do seu quarto. Depois, cheio de fervor espiritual, chega ao ângulo do quarto e traça com a cabeça do tição o sinal da Santa Cruz na parede.   
Prostra-se em terra e, com lágrimas, pede a Deus que lhe conceda um cinto de perpétua castidade a fim de servir sem corrupção nos combates. Assim rezando e chorando, adormece rapidamente e eis que dois Anjos são enviados para lhe assegurar ter sido ouvido por Deus na vitória de um combate tão difícil. Eles o tomam de cada um dos lados pelos rins e dizem-lhe “Da parte de Deus e a teu pedido, nós te cingimos de um cinto de castidade que nenhuma violência te poderá arrancar. Aquilo que a virtude humana não pode atingir pelo seu mérito, isso te é oferecido em dom pela generosidade divina”. 

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