Beata Benigna Cardoso da Silva |
Benigna não conheceu o pai, que morreu antes do
nascimento, e perdeu a mãe com apenas um ano. Ela e seus irmãos foram
adotados pelas irmãs Rosa e Honorina Sisnando Leite, proprietárias do Sitio
Oitis, que também se interessaram em fazer Benigna frequentar a escola e a igreja.
Sua infância foi
cercada pela alegria das inocentes brincadeiras com cantigas de roda, bonecas,
casinha, piqueniques, passeios etc., ao lado de suas irmãs de criação Tetê e
Irani, que ainda vivem. Benigna gostava muito de uma cantiga de roda que dizia
mais ou menos assim: “Carneirinho, carneirão, neirão, neirão, olhai pro céu,
olhai pro céu, pro céu, pro céu, para ver Nosso Senhor, Senhor, Senhor, e todos
se ajoelharem...”
Era uma jovem muito
simples e cheia de humildade. De estatura média, Benigna era magra, de cabelos
e olhos castanhos meio ondulados, morena clara, rosto arredondado e queixo
afinado. Tinha um leve estrabismo em um dos olhos.
Modesta por natureza,
tímida, reservada e meditativa, não usava vestidos sem mangas, curtos nem com
decotes. Sua generosidade, carisma e simpatia a fazia querida e cativada por
familiares, amigos e conhecidos, tornando-se um modelo de juventude para época.
Em casa, desenvolvia
bem todas as tarefas domésticas, com intuito de ajudar sua família adotiva. Era
boa filha, sempre obediente e prestativa.
Aos doze anos, a Serva de Deus foi abordada por um menino autoritário, que começou a assediá-la. Benigna, que não estava interessado em iniciar um relacionamento tão jovem, o rejeitou. Ela procurou a orientação do pároco, que a aconselhou a resistir firmemente e lhe deu um livro ilustrado sobre histórias bíblicas. O jovem, no entanto, continuou a insistir cada vez mais intensamente, até chegar a formas de violência.
Depois de várias tentativas malsucedidas, na tarde de 24 de outubro de 1941, quando soube que Benigna pegaria água de um poço, ele decidiu esperar por ela, escondido na vegetação. Então ele a surpreendeu e tentou agarrá-la à força, mas Benigna mostrou um vigor notável. Com raiva, o jovem pegou um facão que ele havia trazido e a acertou quatro vezes: o primeiro golpe cortou três dedos da mão direita da garota, que fez um gesto de defesa automática; o segundo a atingiu na testa; o terceiro, os rins; a quarta e fatal, no pescoço, que praticamente cortou sua garganta. Quando o assassino percebeu sua ação, fugiu. A jovem Benigna tinha apenas 13 anos.
O corpo da Serva de Deus foi encontrado por um
de seus irmãos, que saíra em busca dela. O corpo foi enterrado na manhã do
dia seguinte no cemitério público.
Os requintes de
crueldade do crime abalaram todo o Município. Desde essa data, começaram as
visitas ao túmulo e ao local do martírio até o tempo presente. As rogativas
feitas à “Santa de Inhumas”, assim como as promessas são geradoras de graças
alcançadas por intercessão dessa memorável jovem, que é tida por todos como
“santa” e “Heroína da Castidade”.
O assassino foi preso,
pagou pelo seu crime e, arrependido, voltou ao local 50 anos depois para
chorar, elevar preces e pedir perdão a Benigna. Neste retorno, relatou sua
mudança de vida, sua conversão ao cristianismo. Fez penitências para salvar sua
alma, e pedindo a intercessão de Benigna, alcançou graças sempre recorrendo à
sua inocente vítima, a quem sempre rogava nas horas de aflição. Segundo ele,
seu ato foi de loucura e “ela se mostrou virtuosa, quando resistiu para não
pecar e não apenas para ver se escaparia.”
No dia 02 de outubro de 2019 o Papa Francisco
reconheceu o martírio da jovem que seria beatificada no dia 21 de outubro de
2020, mas em função da pandemia essa data foi desmarcada e aguardamos a nova data.
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