A providência divina queria
que este jovem, primeiro beato cubano, derramasse seu sangue defendendo sua fé
em Cristo, na Espanha, a terra de seus antepassados, apesar de ter gravada em
seu coração, até o último suspiro, a ilha caribenha que o viu nascer. Mas
um apóstolo é um cidadão do mundo, um vasto território que é conquistado de
polegada a polegada, entregando tudo, como Cristo exige no Evangelho, para que
qualquer lugar para o qual ele seja conduzido por causa da vontade divina se
torne um destino amado.
E isso que José manteve em
mente em todos os momentos, juntamente com a graça divina que o iluminou, fez
com que não vacilasse em nenhum momento, mesmo quando enfrentou a morte brutal
que lhe foi imposta.
O Beato José não é tão
conhecido em todo o mundo como outros mártires, mas ele é parte, por próprio
direito, daqueles que souberam enfrentar corajosamente o destino cruel que se
aproximava, e generosamente deram suas vidas deixando para trás um admirável
legado de amor.
Um dia, no início do século
XX, sua família humilde deixou a Espanha para ganhar a vida, assim como tantos
compatriotas. Lá permaneceram, sob a custódia dos avós, dois de seus
filhos, de quem eles se despediram com imensa dor. Em sua bagagem, eles
levaram a fé herdada de seus pais como um precioso tesouro que eles
transmitiriam aos seus numerosos descendentes. José nasceu em Jatibonico –
Cuba - em 2 de fevereiro de 1912. Ele foi a quinta criança das que vieram ao
mundo naquele lar criado por Emilio e Lucinda, e o segundo dos meninos; depois,
mais cinco filhos nasceram.
Pouco antes de completar seus primeiros cinco anos de vida, José voltou com seus pais para a Espanha. Embora quase não haja informações sobre sua infância, ele deve ter sido uma daquelas crianças que não criavam problemas. Estudou com os beneditinos de Santa Maria de San Clodio, no município de Leiro, Orense, dando assim os primeiros passos para a vida religiosa. Certamente seus pais tinham uma grande esperança nele. Depois de completar seus estudos, juntou-se aos agostinianos de Leganés, em Madri. Ele professou seus primeiros votos com eles em 1929, e continuou seus estudos no mosteiro de San Lorenzo del Escorial.
Dentre as suas qualidades de
vida destacadas, sublinhamos seu "caráter
amável e tratável, entusiasmado e observador".
E, de fato, não seria um religioso ruim, quando um ano antes de se tornar um sacerdote, um momento que aguardava com alegria, seu futuro como vigário apostólico de Hai Phong no Vietnã já estava decidido. Seus superiores haviam vislumbrado nele as qualidades e virtudes que o estavam configurando como um grande apóstolo. Ele não chegou a receber o sacramento da Ordem. Seus sonhos foram violentamente destruídos quando foi capturado em 6 de agosto de 1936 junto com seus irmãos religiosos no meio da fratricida luta espanhola. A antiga escola madrilena de San Antón, que pertencia aos Padres Escolápios, onde muitos estudantes forjaram e compartilharam sua fé, então transformado em prisão, foi o local onde se desenvolveu os primeiros passos do Calvário particular de José.
Quando soube dos esforços feitos por seus familiares diante das autoridades cubanas, antes que se concretizasse a sua liberdade, em um gesto de coragem e coerência, o Beato recusou a oferta de sua libertação que havia sido obtida, mesmo sabendo das dificuldades envolvidas em tal decisão. E sua vocação apostólica, cheio de caridade, se manifestou em sua inabalável vontade de caminhar dando os mesmos passos de seus irmãos em comunidade: "Vocês estão aqui, todos vocês que foram meus educadores, meus professores e meus superiores. Eu vou fugir da cidade? Eu prefiro seguir o destino de todos, e o que Deus quiser!"
Então ele determinou, com
absoluta vontade, querer cumprir a vontade divina. Os rostos de seus
superiores e formadores o observavam com emoção. E com eles compartilhou
muitos sofrimentos em cerca de quatro meses, marcados pela privação e angústia,
até que ele entregou sua alma a Deus em Paracuellos del Jarama, em Madri.
Ele foi executado em 30 de novembro de 1936, juntamente com outros 50 religiosos agostinianos, exclamando: "Viva o Cristo Rei!".
Ao renovar o supremo ato de
perdão, aprendido do Redentor, para com os que o privaram de sua vida, abriu
as portas do céu para ele. Ele tinha 24 anos.
Foi beatificado com outros 497 mártires em 28 de outubro de 2007 em Roma.
Foi beatificado com outros 497 mártires em 28 de outubro de 2007 em Roma.
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