Santa Valburga foi uma das
mais populares da Idade Média. Ela nasceu na Inglaterra. Seu pai, Ricardo,
possuía um castelo em Dorsetshire; sua mãe, Viana, era piedosa e mãe extremosa.
Ambos são venerados como santos pela Igreja. O casal teve três filhos: Vilibaldo,
Vinibaldo e Valburga.
Vilibaldo foi educado na
Abadia de Waltham, perto de Winchester. Vinibaldo, de temperamento menos ativo
e mais contemplativo, foi educado em casa. Quando tinha seis anos de
idade, nasceu-lhe uma irmã que foi batizada com o nome de Valburga, equivalente
no grego a Eucheria, que significa “graciosa”. Muito cedo perderam a mãe e uma
amizade muito profunda ligou os dois irmãos.
Em 721, Vilibaldo, então com
cerca de vinte anos, manifestou o desejo de visitar a Terra Santa. Deixou a
abadia com a licença de seu superior e voltou para Dorsetshire para persuadir o
irmão a acompanhá-lo na viagem. Ricardo estava enfermo e Vinibaldo não queria
deixá-lo só. Sequer mencionou ao pai os planos do irmão mais velho. Mas, este
revelou seu plano e tão eloqüente foi, que o pai resolveu acompanhar os filhos
na peregrinação.
Valburga tinha então 11
anos. Ela sabia, contudo, que as peregrinações exigiam muito dos viajantes que
enfrentavam dificuldades e perigos; muitos meses antes que fosse possível
receber noticias dos peregrinos; o seu pai era velho, talvez não resistisse aos
rigores da penosa e longa peregrinação... Todavia, nada fez para dissuadir seu
pai de sua decisão.
A Rainha Cuthberga fundara
recentemente em Dorsetshire a Abadia de Wimbourne. Esposa do Rei Alfredo, a
rainha sentira um chamado para uma dedicação total a Deus e obtivera licença do
esposo para se tornar monja. O magnífico mosteiro duplo de Wimbourne tornou-se
logo célebre pela santidade de seus habitantes e austeridade da sua disciplina.
Ricardo resolveu levar a
pequena Valburga para esta abadia, para que dela cuidassem as monjas enquanto
ele se ausentava. Ao se despedir de seu pai, Valburga não imaginava que não o
tornaria a ver: ele faleceu na Itália, sendo sepultado pelos dois filhos em
Lucca.
Enquanto seus irmãos
abraçavam a vida monástica em Roma, Valburga adotou também o estado religioso,
passando vinte e seis anos em Wimbourne.
Destes vinte e seis anos
pouco se sabe, mas, tendo em vista que o nível intelectual das monjas daquele
mosteiro era muito elevado, pois escreviam com fluência o latim e o grego, e
com facilidade citavam os clássicos, sendo notáveis suas iluminuras e
transcrições de Missas, Sagradas Escrituras, etc., além de bordados em fio de
ouro e prata, presume-se que Valburga recebeu sólida instrução e aperfeiçoou-se
em todos estes trabalhos.
Aconteceu então que São
Bonifácio, tio de Valburga, o grande apóstolo da Alemanha, foi a Roma pedir
ajuda para o seu trabalho missionário naquela região. O Papa instou Vilibaldo e
Vinibaldo a acompanharem o tio.
Mais tarde, por meio de uma
carta dirigida a Lioba, sua prima, e a Valburga, sua sobrinha, São Bonifácio
convidou-as a fundar um mosteiro em sua diocese, para mostrar às mulheres
daquela região o exemplo das virgens cristãs. Após breves preparativos Santa
Lioba e Santa Valburga, com algumas companheiras, deixaram sua terra natal para
devotar suas vidas à conversão da Alemanha.
Durante a viagem da
Inglaterra para a Alemanha as monjas enfrentaram uma tempestade que obrigou os
marinheiros a se desfazerem da carga. Valburga implorou a Deus e, sobrevindo
repentina calma, os viajantes desembarcaram sãos e salvos em Antuérpia.
Na mais antiga igreja desta cidade há uma gruta onde Santa Valburga
costumava rezar enquanto esperava para reiniciarem a viagem. Ela é muito
venerada naquela cidade desde sua permanência ali.
Vilibaldo fundou o Mosteiro
de “Eihstat”, que se tornaria mais tarde a Diocese de Eichstätt. Valburga tornou-se
abadessa de um mosteiro beneditino feminino em Heidenheim - morada dos pagãos,
em alemão - local onde já se instalara seu irmão Vinibaldo com seus monges. Em
breve o significado desse nome perderia o sentido, pois os dois mosteiros
converteram gradualmente a aridez espiritual e material da região, e os campos
deram abundantes colheitas.
À morte de seu irmão,
Valburga assumiu a direção do mosteiro masculino que ele dirigira. Ela era
muito respeitada e amada ainda em vida. Ela se entregou a Deus de tal
forma que os prodígios aconteciam com freqüência. Os mais citados são: o de uma
luz sobrenatural que envolveu sua cela enquanto rezava, presenciada por todas
as outras religiosas e o da cura da filha de um barão, depois de uma noite de
orações ao seu lado.
Santa Valburga foi assistida
por seu irmão São Vilibaldo em seus últimos momentos, tendo ele lhe
administrado os Sacramentos. Ela faleceu em 25 de fevereiro de 779 e foi
sepultada ao lado do irmão Vinibaldo. Cem anos depois, o Bispo Otkar de
Eichstätt, resolveu restaurar a igreja e o mosteiro de Heidenheim, e exumou o
corpo de Santa Valburga que foi encontrado incorrupto e coberto por um fluido
precioso, qual puríssimo óleo. O corpo foi transladado para a Catedral de
Eichstätt, e milagrosas curas se operaram durante o trajeto da preciosa
relíquia.
Há mais de mil anos esta
misteriosa umidade oleosa, que é coletada das relíquias de Santa Valburga pelas
monjas, vem operando milagrosas curas. Os documentos mais antigos que relatam
os milagres atribuídos ao óleo foram escritos entre 893 e 900.
Este óleo tornou-se
conhecido como "óleo de Santa Valburga" e vem sendo um sinal de sua
contínua intercessão. O óleo é colocado pelas religiosas em pequenas ampolas de
vidro que são dadas aos peregrinos. Curas atribuídas à intercessão de Santa
Valburga acontecem até os nossos dias.
É considerada protetora
contra a raiva e tempestades pelos fiéis.
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