quarta-feira, 1 de junho de 2016

Beata Hildegarda Burjan


"Queridos irmãos e irmãs, hoje em Viena está sendo proclamada Beata, Hildegarda Burjan que viveu no século XIX e fundou a sociedade das Irmãs da Caridade Social. Aclamemos ao Senhor por este testemunho do Evangelho. Ela que foi: esposa, mãe, política, pioneira do serviço social na Áustria e testemunho de amor aos irmãos, principalmente os mais pobres.”
Papa Bento XVI – 31 de janeiro de 2012

Hildegarda nasceu no seio de uma família judia de classe média alta que não praticava nenhuma religião. Aos seis anos viu da janela de seu quarto, monjas rezando no jardim de um mosteiro vizinho à sua casa. Queria saber quem eram e o que faziam. A mãe respondeu que eram monjas e que estavam rezando para seu Deus.
Então falou: “Se essas mulheres tão bonitas estão rezando para Deus, então Deus deve ser bonito e como deve ser bonito quando se pode rezar a Deus!” Fez ainda muitas perguntas sobre Deus, mas a mãe retirou-a da janela dizendo que sobre isso poderia ler nos livros mais tarde. Expressou chorando: “Deus, eu também queria rezar!”

Não era comum em seu tempo que uma moça frequentasse a universidade, porém ela, decididamente inscreveu-se na Universidade de Zurique, no curso de Filosofia, chegando ao doutorado.
No ambiente universitário logo percebeu que alguns colegas tinham dificuldades para pagar seus estudos. Sensibilizada fundou então um círculo de ajuda a estudantes com dificuldades financeiras. Ela mesma fazia economia, indo a pé para a Universidade, a fim de colaborar com a caixa de ajuda.

Em sua juventude Hildegarda experimentou um ardente desejo de encontrar o verdadeiro sentido da vida. Buscava uma resposta e nas horas de solidão repetia com insistência: “Deus, se tu existes, manifesta-te a mim”.
Alguns professores do Curso de Filosofia que estavam prestes a tornarem-se católicos, exerceram grande influência em sua busca pela verdade. Conheceu a fundo a doutrina católica e sentia grande interesse por ela, mas ainda faltava-lhe a graça da fé.

Aos 25 anos, formada em Filosofia, casada com o engenheiro Alexandre Burjan, Hildegard encontra-se muito doente e é internada num hospital católico. Lá permanece por alguns meses em tratamento, passando por diversas cirurgias. No hospital, é atendida pelas Irmãs de São Carlos Borromeu que ali trabalhavam. Fascinou-lhe o testemunho daquelas irmãs e concluiu: “Isto que as Irmãs fazem, um ser humano, apoiado só nas suas próprias forças é incapaz de realizar”.

Convenceu-se, então, da existência de Deus e nele passou a acreditar ardentemente. Era muito grave seu estado de saúde e os médicos declararam que já haviam esgotado todos os recursos que a Medicina dispunha. Para surpresa de todos, na manhã seguinte, um Domingo de Páscoa, Hildegarda estava curada, de forma inexplicável.

Hildegarda atribuiu a cura a um milagre e a partir deste momento, passou a conhecer a Deus. Durante os dias que ficou internada, ela passou a observar o trabalho social que as monjas desenvolviam no hospital. Pediu o Batismo e decididamente expressou:  
“Quero doar-me, consumir minha vida no amor aos irmãos”.

Mais tarde, quando ficou grávida, os médicos sugeriram que ela abortasse o bebê, devido aos seus problemas renais. Hildegarda considerou esta sugestão como um assassinato e arriscou sua vida para dar a luz. Assim, deu à luz a uma filha, à qual chamou de Isabel, em honra a Santa Isabel, a Santa da Caridade.ao filho, que nasceu em perfeito estado de saúde.

Durante a 1ª Guerra articulou inúmeras campanhas para socorrer órfãos e viúvas. Preocupou-se com a mulher operária, mãe de numerosos filhos para sustentar. A maioria costurava em casa para grandes firmas, pelas quais eram exploradas. Organizou-as em associações a fim de que trabalhassem juntas, em salas aquecidas durante o inverno. As peças confeccionadas passaram a ter o valor justo e as operárias tiveram seus direitos respeitados. Para os famintos organizou a “Mesa de Santa Isabel”, onde muitas pessoas podiam alimentar-se de sopa quentinha, numa sala aquecida. Além disso, conseguiu uma maneira mais barata de comprar alimentos, uma espécie de mercado popular.

Tinha grande capacidade de atrair voluntários para os diversos trabalhos sociais. Promovia chás beneficentes, convidava as damas da sociedade e lá fazia calorosas palestras, conscientizando-as das necessidades e sofrimentos dos mais desfavorecidos e sensibilizando-as para que dedicassem a eles parte de seu tempo.

Para Hildegarda não havia barreira entre pobres e ricos. Ela sabia fazer a ponte e unir a todos na mesma causa: a caridade social, amor que eleva e que liberta.

Em 1919 decidiu fundar a Sociedade das Irmãs da Caridade Social, constituída por mulheres dedicadas à assistência de pessoas convalescentes, doentes e portadores de distúrbios mentais. Também fundou abrigos para mães solteiras, jovens e mulheres sem moradia, além de espaços que realizavam a distribuição de comida para os pobres.

Hildegarda foi a primeira mulher a se tornar membro do Conselho Municipal de Viena em 1918 pelo Partido Social Cristão e no ano seguinte, se tornou deputada no Conselho Nacional da Áustria.

Ela faleceu em 1933 aos 50 anos de idade. Seu lema era: "Entregue completamente a Deus e à humanidade".

O processo de beatificação começou em 1963 através do Bispo Castrense da Áustria, Dom Franz König. Foi declarada Venerável em 2007 e em 2011 foi reconhecido um milagre atribuído a ela.

Oração;

Senhor, o seu amor misericordioso
tocou profundamente o coração
da Beata Hildegarda Burjan
e fez dela mãe corajosa e solidária,
mulher de oração e de caridade,
defensora dos pobres e sofredores.
Pela sua intercessão, venho suplicar-lhe a graça (dizer a graça que espera).
Fortalecei a minha fé e minha esperança
frente aos desafios da vida.
Que tudo se realize conforme a sua vontade.
Amém.

Beata Hildegarda Burjan,
Rogai por nós.

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