Raimundo era originário do
castelo de Penhaforte, que se situa na região de Penedés, província e diocese
de Barcelona. Nasceu por volta de 1176 no castelo de Penhaforte, próximo de
Villafranca del Panadés, na Catalunha, Espanha. Seus pais, ricos e nobres, descendiam
dos antigos condes de Barcelona. Eram também aparentados com a casa real de
Aragão. Desde sua infância apresentava interesse pela vida religiosa e pelos
estudos. Terminada a formação
básica foi enviado pela família a estudar jurisprudência na universidade de
Bolonha, a mais importante universidade neste período neste tipo de estudos.
Após nove anos de formação e vida na cidade de Bolonha regressa a Barcelona
ficando ao serviço do bispo e da catedral da mesma cidade em 1220.
Em 1228, passados oito anos
sobre o seu regresso à cidade ingressa na Ordem dos Pregadores. É já como
dominicano, e perito em leis, que integra a embaixada do Cardeal João de
Abbeville, legado apostólico do Papa Gregório IX para os reinos ibéricos, e
cuja missão era implementar os decretos e normas saídas do IV Concílio de
Latrão e a defesa da fé católica.
Este trabalho vai levar
Raimundo de Penhaforte a Roma, convocado pelo Papa para aí exercer atividade
como Penitenciário Apostólico. Durante este período de vida em Roma cabe-lhe
também a missão de copiar e sistematizar todas as normas anteriores da Igreja,
reunindo-as numa coleção que ficaram para a história como as Decretais de
Gregório IX. Levou seis anos neste trabalho, assistido certamente por muitos
secretários e auxiliares. Nesta época observou que os pobres, quando iam ao
palácio papal, não eram tratados e atendidos com o devido direito, por isto
alertou ao pontífice para que se interessasse pessoalmente por esta parte do
rebanho.
Como retribuição pela
dedicação e bons trabalhos, este papa o nomeou arcebispo de
Taragona. Dentro de sua extrema humildade e se julgando indigno pediu
exoneração do cargo, chegando a ficar doente por causa desta situação e com a
licença dos superiores, voltou para a Espanha e ao seu convento, mas permanece
aí pouco tempo, pois passado dois anos é eleito Mestre da Ordem, governando
entre 1238 e 1241, ano em que D. Sancho II dá autorização para a construção
fora dos muros da cidade do Convento de São Domingos de Lisboa.
Renunciando ao cargo retirou-se
novamente para a cidade Condal de Barcelona e aí permaneceu até ao dia 6 de
Janeiro de 1275 quando entregou a sua alma ao criador.
Num momento em que se fala
tanto de diálogo inter religioso São Raimundo de Penhaforte surge-nos como
modelo e incentivo, como um exemplo de estratégias e ações, pois no seu tempo e
face ao grande número de judeus e muçulmanos que habitavam a cidade de
Barcelona organizou debates com os mestres dessas religiões, criou escolas para
formar teólogos e incentivou os frades a aprenderem as línguas hebraica e árabe
para que pudessem tomar contacto com os textos originais, ou seja pudessem
conhecer a matéria que iriam discutir na sua forma mais original.
Neste desejo de formação, de
uma doutrina substancial e substanciada, não podemos deixar de referir a
redação da sua “Suma de Penitência”, um manual para orientação dos confessores
que atingiu grande divulgação e se impôs como obra moral e pastoral em quase
todas as bibliotecas da época. Pode-nos hoje parecer estranho esta difusão, mas
tendo em conta todos os abusos que se cometeram, a fraca formação de muito do
clero da época, e não só, e as diversas possibilidades de injustiças e até de
crimes, este manual, como outros que se lhe seguiram, orientou a Igreja e os
penitentes num exercício mais equilibrado e são do sacramento da penitência.
Preocupado com o outro São
Raimundo- o Nonato - São Raimundo de Penhaforte vai intervir e ter um papel preponderante na fundação da
Ordem dos Mercedários, criada com o objetivo muito claro de resgatar os
cristãos que ficavam cativos dos mouros, quer durante as batalhas quer em
sequestros quando de viagens pelo Mediterrâneo. Esta preocupação com o outro
vai levá-lo também a intervir e a acompanhar a política de Jaime I de Aragão,
senhor da Barcelona, buscando sempre o bem geral e o respeito das leis
estabelecidas e potenciadoras da paz e do bem estar dos povos.
No dia da sua memória
cabe-nos assim fazê-lo presente e tentar aprender alguma coisa com ele e a sua
ação junto dos homens e das instituições.
São Raimundo de Penhaforte
morreu no dia 6 de janeiro de 1275, já centenário, sendo canonizado em 1601.
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