terça-feira, 6 de janeiro de 2015

São Carlos de Sezze

Curiosamente, no Convento Franciscano de Lazio, chegavam leigos e personalidades da Igreja a fim de confidenciarem seus problemas ao cozinheiro. Aliás, esse cozinheiro era também o jardineiro e o porteiro do convento e seu nome era Carlos.

Nascido em 19 de outubro de 1613, em Sezze, Itália, Carlos era um irmão leigo, pessoa humilde, submissa e sempre muito contente. Descontentes estavam seus familiares, os Melchiori ou Marchionne, cujas propriedades rurais se perdiam de vista. Seus familiares tinham outros planos para Carlos, pois queriam que ele estudasse e fizesse carreira.
Um dia um bando de aves espantou os bois que Carlos dirigia quando estava arando, e estes arremeteram contra ele com grave perigo de matá-lo. Quando sentiu que ia perecer no acidente, prometeu a Deus que se fosse salvo se tornaria religioso. E milagrosamente ficou ileso. Pediu então a uns religiosos franciscanos que o ajudassem a entrar em sua comunidade e eles o convidaram a que fosse a Roma para que fale com o superior da congregação. Assim o fez junto com três companheiros mais e após ser provados com na humildade tratando-os com muita dureza, o superior permitiu  admiti-los. 

A essa altura, os familiares o queriam sacerdote, mas ele seria sempre frei Carlos, mais nada, sem graduação alguma. Carlos passou por inúmeros conventos franciscanos, sempre trabalhando, recolhendo esmolas, socorrendo doentes e moribundos em suas casas. Com o transcorrer dos anos, desponta nele o explorador de consciências, o modificador de atitudes e comportamentos, e essa fama corre por toda Igreja.

Embora Carlos cuidasse apenas da horta e da cozinha do convento, sempre acontecia ser enviado para outras cidades para que pudesse aconselhar bispos e cardeais. Um dia recebe uma incumbência, diretamente do Papa Clemente IX (1667-69): "Frei Carlos, dizem que na cidade de Perúgia há uma madre santa, vá lá e verifique pessoalmente a veracidade da situação". Uma grande responsabilidade para um simples cozinheiro. Frei Carlos tinha pouca instrução, mas escrevia belíssimas páginas espirituais e autobiográficas, numa gramática acidentada, porém, eficiente. Também não lhe faltaria sua porção de Calvário, com acusações de uma mulher mundana. Consideradas depois, calúnias, mas que fizeram o frei adoecer por alguns anos.

Diante do  pedido de muitas pessoas que lhe pediam incessantemente que redigisse algumas normas para orar melhor e crescer em santidade, o santo publicou um folhetim lhe causando diversas dificuldades pelo que quase é expulso de sua comunidade. Humilhado se ajoelhou diante de um crucifixo para lhe contar suas angústias, e ouviu que Nosso Senhor lhe dizia: "Ânimo, que estas coisas não lhe vão impedir de entrar no paraíso".

A petição mais freqüente do irmão Carlos a Deus era esta: "Senhor, me acenda em amor a Ti". E tanto a repetiu que um dia durante a elevação da Santa hóstia na Missa, sentiu que um raio de luz saía da Sagrada Eucaristia e chegava a seu coração. Em vida, frei Carlos falava de "um raio de luz" que o havia atingido no peito, em 1648, durante êxtase profundo com Deus.
Após a sua morte, no seu peito se descobre um sinal estranho, como uma cicatriz. Posteriormente, uma comissão médica declararia que esse sinal é de origem sobrenatural.

Após uma viagem a Úmbria, frei Carlos falece em 6 de janeiro de 1670, no Convento de São Francisco, na cidade de Roma.

O Papa João XXIII o declarou santo em 1959, porque sua vida é um exemplo de que ainda nos ofícios mais humildes e em meio de humilhações e incompreensões podemos chegar a um alto grau de santidade e ganhar a glória do céu.


Seu corpo é conservado incorrupto na igreja do convento onde faleceu.

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