Do ponto de vista estritamente litúrgico, a bênção exige que o que é abençoado esteja em conformidade com a vontade de Deus expressa nos ensinamentos da Igreja.
Com efeito, as bênçãos são celebradas em virtude da fé e visam o louvor de Deus e o proveito espiritual do seu povo. Para que este propósito seja mais evidente, segundo a tradição antiga as fórmulas de bênção têm sobretudo o objetivo de dar glória a Deus pelos seus dons, pedir os seus favores e derrotar o poder do maligno. no mundo. Portanto, aqueles que invocam a bênção de Deus através da Igreja são convidados a intensificar "suas disposições, deixando-se guiar por aquela fé na qual tudo é possível" e confiar "naquele amor que nos leva a observar os mandamentos de Deus". É por isso que, se por um lado "sempre e em toda parte há uma oportunidade para louvar, invocar e agradecer a Deus através de Cristo, no Espírito Santo", por outro lado, a preocupação é que “não se trate de coisas, lugares ou contingências que contrariem a lei ou o espírito do Evangelho”.Esta é uma compreensão litúrgica das bênçãos, pois elas se tornam ritos oficialmente propostos pela Igreja.
Com base nessas considerações, a Nota Explicativa da Resposta citada do depois, a Congregação para a Doutrina da Fé recorda que quando, com um rito litúrgico específico, se invoca uma bênção sobre algumas relações humanas, o que é abençoado deve poder corresponder aos planos de Deus inscritos na Criação e plenamente revelados por Cristo, o Senhor. Por esta razão, dado que a Igreja sempre considerou moralmente lícitas apenas as relações sexuais vividas no âmbito do casamento, não tem o poder de conferir a sua bênção litúrgica quando esta, de alguma forma, pode oferecer uma forma de legitimidade moral a um união que presuma ser casamento ou a prática sexual extraconjugal. A substância deste pronunciamento foi reiterada pelo Santo Padre em suas respostas as Dubia de dois Cardeais.
Devemos também evitar o risco de reduzir o significado das bênçãos apenas a este ponto de vista, porque isso nos levaria a exigir, para uma simples bênção, as mesmas condições morais que são solicitadas para a recepção dos sacramentos. Este risco exige que esta perspectiva seja ainda mais alargada. De faco, existe o perigo de que um gesto pastoral, tão amado e difundido, esteja sujeito a demasiados pré-requisitos morais, que, com a pretensão de controlo, poderiam ofuscar a força incondicional do amor de Deus sobre a qual funda o gesto de bênção.
Precisamente a este respeito, o Papa Francisco exortou-nos a não "perder a caridade pastoral, que deve permear todas as nossas decisões e atitudes" e a evitar "ser juízes que apenas negam, rejeitam, excluem". Vamos então responder à sua proposta desenvolvendo uma compreensão mais ampla das bênçãos.