Por que falar dos santos? São amigos a quem recorro quando necessito, irmãos mais velhos a quem peço conselhos. Converso com eles como pessoas a quem tenho afeição e que conheço pessoalmente. Na vida dos santos eu reconheço a mim e a minha história.Eles passaram pelas mesmas dificuldades humanas. Assim, eu posso rezar, pedindo sua intercessão diante de minhas dificuldades particulares. Conhecer um santo é conhecer um amigo. Você ouve falar sobre ele e pensa: gostaria de conhecer esta pessoa
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sexta-feira, 30 de abril de 2021
Mês de Maria
Tradicionalmente a Igreja celebra o mês de Maio como Mês de Maria, prestando homenagem a Mãe do Senhor e nossa Mãe.
Cristo é o Mediador, a ponte que atravessamos para nos
dirigirmos ao Pai. Da mediação única de Cristo adquirem significado e valor as
outras referências que o cristão encontra para a sua oração e devoção, em
primeiro lugar à Virgem Maria, Mãe de Jesus. Ela ocupa um lugar privilegiado na
vida e, portanto, também na oração do cristão, porque é a Mãe de Jesus.
Maria está totalmente voltada para Jesus. A tal ponto que
podemos afirmar que é mais discípula do que Mãe. Aquela indicação, nas bodas de
Caná, Maria diz: “Fazei o que Ele vos disser!”. Indica sempre Cristo; é a sua
primeira discípula.
Este foi o papel que Maria desempenhou ao longo de toda a
sua vida terrena e que conserva para sempre: ser a humilde serva do Senhor. Numa
certa altura, nos Evangelhos, Ela parece quase desaparecer; mas volta nos
momentos cruciais, como em Caná, quando o Filho, graças à sua intervenção
solícita, fez o primeiro “sinal”, e depois no Gólgota, ao pé da Cruz.
“Ao ver Sua Mãe e junto d’Ela o discípulo que Ele amava,
Jesus disse à Sua mãe:” ‘Mulher, eis aí o teu filho’. Depois disse ao discípulo:
‘Eis aí a tua Mãe’ (Jo 19, 26-27).
Jesus estendeu a maternidade de Maria a toda a Igreja
quando lhe confiou o discípulo amado, pouco antes de morrer na cruz. A partir
daquele momento, fomos todos colocados debaixo do seu manto. Estas palavras de
Jesus, que recomendam Maria ao discípulo como sua Mãe, e o discípulo a Maria
como deu filho, formam uma espécie de documento de origem da Igreja, a partir
do sofrimento que gera a Igreja.
Maria está sempre presente à cabeceira dos seus filhos
que deixam este mundo. Se alguém se encontra sozinho e abandonado, Ela é Mãe,
está ali perto, tal como estava próxima do seu Filho quando todos o tinham
abandonado.
As orações a Ela dirigidas não são vãs. Mulher do “sim”,
que aceitou prontamente o convite do Anjo, responde também às nossas súplicas,
ouve as nossas vozes, até aquelas que permanecem fechadas no coração, que não
têm a força para sair mas que Deus conhece melhor do que nós mesmos. Ouve-as
como Mãe. Como e mais do que todas as mães bondosas, Maria defende-nos nos
perigos, preocupa-se conosco, até quando estamos ocupados com os nossos
afazeres e perdemos o sentido do caminho, colocando em perigo não só a nossa
saúde, mas a nossa salvação. Maria está presente reza por nós, reza por quem
não ora. Reza conosco. Por quê? Porque Ela é a nossa Mãe!
É verdade que a piedade cristã sempre lhe atribui títulos
bonitos, como um filho à mãe: quantas palavras bonitas um filho dirige à sua
mãe, a quem ama! Mas tenhamos cuidado: as belas palavras que a Igreja e os
Santos dirigem a Maria em nada diminuem a singularidade redentora de Cristo.
Ele é o único Redentor. São expressões de amor, como de um filho à mãe, às
vezes exageradas. Contudo, como sabemos, o amor leva-nos sempre a fazer coisas
exageradas, mas com amor.
Para conhecer melhor um pouco as diversas devoções, que
ao longo dos séculos, nasceram no coração da Igreja, a cada dia do mês de maio
vamos falar de um título que damos a Maria.
quinta-feira, 29 de abril de 2021
quarta-feira, 28 de abril de 2021
terça-feira, 27 de abril de 2021
segunda-feira, 26 de abril de 2021
Mártires de Quiché
Os 'mártires de Quiché' foram beatificados na sexta-feira, 23, na Guatemala: três sacerdotes espanhóis, missionários do Sagrado Coração de Jesus; José María Gran, Faustino Villanueva e Juan Alonso, junto com sete catequistas leigos; Rosalío Benito, Reyes Us, Domingo del Barrio, Nicolás Castro, Tomás Ramírez, Miguel Tiú e Juan Barrera Méndez, assassinados, este último aos 12 anos, em 'ódio à fé' no contexto da guerra civil que assolou o país entre 1980 e 1991. A cerimônia de beatificação teve lugar na Catedral de Santa Cruz del Quiché e foi presidida pelo cardeal guatemalteco Álvaro Leonel Ramazzini.
Décadas depois do martírio, o
sangue derramado por estes "homens de fé", dedicados totalmente ao
serviço do Evangelho e da Igreja, continua a dar frutos em abundância, afirmou Dom
Rosolino Bianchetti Boffelli, bispo da diocese de Quiché.
Os mártires eram realmente
missionários em movimento. Iam de casa em casa, mantendo viva a fé, rezando com
os irmãos, evangelizando, implorando ao Deus da vida. Eram homens de grande fé,
de grande confiança em Deus, mas ao mesmo tempo de muita dedicação para que houvesse
uma mudança, uma Guatemala diferente.
Movidos pelo desejo de
contribuir para a missão apostólica da Igreja em suas terras, esses homens
corajosos não se detiveram diante de nenhum tipo de ameaça e "abraçaram
sua cruz", sendo perseguidos, torturados e mortos por aqueles que
consideravam os ensinos do Evangelho como "um perigo" para os
interesses dos poderosos.
Eram homens de grande estatura,
e com a Palavra de Deus e o Rosário nas mãos, visitavam as suas comunidades
para ajudar os mais necessitados: os sacerdotes apoiavam os fiéis, enquanto os
leigos, depois de terminarem os seus trabalhos, iam visitar os enfermos,
anunciavam a Boa Nova, serviam na Igreja e ajudavam os camponeses a recuperar a
terra que lhes havia sido roubada injustamente.
- Padre José María
Gran Cirera nasceu em Barcelona (Espanha) em 27 de abril de 1945, emitiu a
primeira profissão na Congregação dos Missionários do Sagrado Coração em 8 de
setembro de 1966 e a profissão perpétua em 8 de setembro de 1969. Foi ordenado
sacerdote em 9 de junho, 1972 em Valladolid. Depois de um período de
serviço pastoral em Valência, em 1975 foi enviado para a Guatemala, onde
exerceu o ministério em S. Cruz del Quiché, até 1978. Posteriormente foi
destinado à paróquia de S. Gaspar di Chajul (Guatemala). Ele fez seu o
programa da comunidade religiosa e da diocese ao lado dos mais pobres e
indígenas, massacrados pelo genocídio silencioso das autoridades
militares. Foi assassinado em 4 de junho de 1980 junto com o sacristão, Domingo
del Barrio Batz, quando retornavam a Chajul (Guatemala), depois de uma
visita pastoral às aldeias da freguesia. Ele tinha 35 anos.
- Domingo del Barrio Batz nasceu em Ilom (Guatemala) em 26 de
janeiro de 1951, casado com um leigo, engajado na Ação Católica e sacristão na
paróquia de S. Gaspar di Chajul. Foi assassinado junto com o Padre José
María Gran Cirera em 4 de junho de 1980. Ele tinha 29 anos.
- Padre Faustino Villanueva Villanueva nasceu em Yesa (Espanha)
em 15 de fevereiro de 1931, emitiu a primeira profissão religiosa na
Congregação dos Missionários do Sagrado Coração em 8 de setembro de 1949 e a
profissão perpétua em 1952. Foi ordenado sacerdote em 25 de fevereiro de 1956.
Foi mestre de noviços e professor de seminário. Em 1959, ele foi enviado
para a Guatemala. Exerceu funções pastorais em várias paróquias da diocese
de Quiché, especialmente na paróquia de Nossa Senhora da Assunção de Joyabaj
(Guatemala), onde foi assassinado a 10 de julho de 1980. Tinha 49 anos.
- Padre Juan Alonso Fernández nasceu em Cuerigo (Espanha) em 28
de novembro de 1933. Emitiu os primeiros votos na Congregação dos Missionários
do Sagrado Coração em 8 de setembro de 1953 e os votos perpétuos em 8 de
setembro de 1958. Foi ordenado sacerdote em 11 de junho de 1958. 1960 e no mesmo
ano foi enviado para a Guatemala. De 1963 a 1965 foi missionário na
Indonésia. De volta à Guatemala, fundou a paróquia de S. Maria Regina em
Lancetillo. Ele foi torturado e assassinado em 15 de fevereiro de 1981, em
La Barranca (Guatemala). Ele tinha 47 anos.
- Tomás Ramírez Caba nasceu em Chajul (Guatemala) em 30 de
dezembro de 1934, casado, leigo, foi sacristão-mor de Chajul. Foi
assassinado na paróquia de S. Gaspar em Chajul (Guatemala) em 6 de setembro de
1980. Tinha 45 anos.
- Reyes Us Hernández nasceu em Macalajau (Guatemala) em 1939,
leigo casado, exercia a atividade pastoral da paróquia natal. Ele foi
assassinado em Macalajau em 21 de novembro de 1980. Ele tinha 45 anos.
- Rosalío Benito, o local exato e a data de nascimento não são conhecidos. Ele
era um catequista e muito empenhado pastoralmente. Ele foi assassinado em
La Puerta (Chinique, Guatemala) em 22 de julho de 1980.
- Nicolás Castro nascido em Cholá (Guatemala), foi catequista e
ministro extraordinário da Eucaristia. Ele foi assassinado em Los Platanos
(Chicamán, Guatemala) em 29 de setembro de 1980.
- Miguel Tiu Imul nasceu em Cantón la Montaña (Guatemala) em 5
de setembro de 1941, leigo casado, foi diretor da Ação Católica e
catequista. Ele foi assassinado em Parraxtut (Guatemala) em 31 de outubro
de 1991. Ele tinha 50 anos.
- Juan Barrera Méndez nascido em Potrero Viejo (Guatemala) em 4
de agosto de 1967, era um menino da Ação Católica. O mais jovem dos
mártires, era conhecido como "Juanito", aos 12 anos demonstrou uma
profunda maturidade espiritual como catequista de crianças que se preparavam
para receber a Primeira Comunhão e até mesmo recebeu o Sacramento da
Confirmação. Segundo os testemunhos que temos, ele carregava no coração aquela
chama, aquela paixão em seguir Jesus. Queria até construir uma igreja perto de
sua casa para que seu pai, que a princípio se recusava frequentar a igreja,
pudesse ali participar.
Em 1980 foi capturado em um
ataque do exército em sua comunidade, torturado, teve as solas de seus pés cortadas. Em seguida, eles o fizeram caminhar
ao longo da margem do rio. Ele foi pendurado em uma árvore e atiraram nele.
domingo, 4 de abril de 2021
Feliz Páscoa!!!
“À luz do Ressuscitado, os nossos sofrimentos são transfigurados. Onde havia morte, agora há vida; onde havia luto, agora há consolação. Ao abraçar a Cruz, Jesus deu sentido aos nossos sofrimentos. Feliz Páscoa para todos!”
Papa Francisco
sexta-feira, 2 de abril de 2021
Fratelli tutti - Capítulo 3 - Pensar e gerar um mundo aberto: O valor da solidariedade n°s 113 a 117
114. Quero destacar a solidariedade, que como virtude moral e comportamento social, fruto da conversão pessoal, exige empenho por parte duma multiplicidade de sujeitos que detêm responsabilidades de caráter educativo e formativo. Penso em primeiro lugar nas famílias, chamadas a uma missão educativa primária e imprescindível. Constituem o primeiro lugar onde se vivem e transmitem os valores do amor e da fraternidade, da convivência e da partilha, da atenção e do cuidado pelo outro. As famílias são também o espaço privilegiado para a transmissão da fé, a começar por aqueles primeiros gestos simples de devoção que as mães ensinam aos filhos. Quanto aos educadores e formadores que têm a difícil tarefa de educar as crianças e os jovens, na escola ou nos vários centros de agregação infantil e juvenil, devem estar cientes de que a sua responsabilidade envolve as dimensões moral, espiritual e social da pessoa. Os valores da liberdade, respeito mútuo e solidariedade podem ser transmitidos desde a mais tenra idade. Também os agentes culturais e dos meios de comunicação social têm responsabilidades no campo da educação e da formação, especialmente na sociedade atual onde se vai difundindo cada vez mais o acesso a instrumentos de informação e comunicação.
115. Nestes momentos em que tudo
parece diluir-se e perder consistência, faz-nos bem invocar a solidez, que
deriva do fato de nos sabermos responsáveis pela fragilidade dos outros na
procura dum destino comum. A solidariedade manifesta-se concretamente no
serviço, que pode assumir formas muito variadas de cuidar dos outros. O serviço
é, em grande parte, cuidar da fragilidade. Servir significa cuidar dos
frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo. Nesta tarefa,
cada um é capaz de pôr de lado as suas exigências, expetativas, desejos de
omnipotência, à vista concreta dos mais frágeis. O serviço fixa sempre o rosto
do irmão, toca a sua carne, sente a sua proximidade e, em alguns casos, até
“padece” com ela e procura a promoção do irmão. Por isso, o serviço nunca é
ideológico, dado que não servimos ideias, mas pessoas.
116. Os últimos, em geral, praticam
aquela solidariedade tão especial que existe entre quantos sofrem, entre os
pobres, e que a nossa civilização parece ter esquecido, ou pelo menos tem
grande vontade de esquecer. Solidariedade é uma palavra que nem sempre
agrada; diria que algumas vezes a transformamos num palavrão, que não se pode
dizer; mas é uma palavra que expressa muito mais do que alguns gestos de
generosidade esporádicos. É pensar e agir em termos de comunidade, de prioridade
da vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns. É também
lutar contra as causas estruturais da pobreza, a desigualdade, a falta de
trabalho, a terra e a casa, a negação dos direitos sociais e laborais. É fazer
face aos efeitos destrutivos do império do dinheiro. A solidariedade, entendida
no seu sentido mais profundo, é uma forma de fazer história e é isto que os
movimentos populares fazem.
117. Quando falamos em cuidar da
casa comum, que é o planeta, fazemos apelo àquele mínimo de consciência
universal e de preocupação pelo cuidado mútuo que ainda possa existir nas
pessoas. De fato, se alguém tem água de sobra mas poupa-a pensando na
humanidade, é porque atingiu um nível moral que lhe permite transcender-se a si
mesmo e ao seu grupo de pertença. Isto é maravilhosamente humano! Requer-se
este mesmo comportamento para reconhecer os direitos de todo o ser humano,
incluindo os nascidos fora das nossas próprias fronteiras.
quinta-feira, 1 de abril de 2021
Fratelli tutti - Capítulo 3 - Pensar e gerar um mundo aberto: Promover o bem moral n°s 112 e 113
112. Não podemos deixar de afirmar que o desejo e a busca do bem dos outros e da humanidade inteira implicam também procurar um desenvolvimento das pessoas e das sociedades nos distintos valores morais que concorrem para um amadurecimento integral. No Novo Testamento, menciona-se um fruto do Espírito Santo (cf. Gal 5, 22), expresso em grego pela palavra agathosyne. Indica o apego ao bem, a busca do bem; mais ainda, é buscar aquilo que vale mais, o melhor para os outros: o seu amadurecimento, o seu crescimento numa vida saudável, o cultivo dos valores e não só o bem-estar material. No latim, há um termo semelhante: bene-volentia, isto é, a atitude de querer o bem do outro. É um forte desejo do bem, uma inclinação para tudo o que seja bom e exímio, que impele a encher a vida dos outros com coisas belas, sublimes, edificantes.
113. Nesta linha, com tristeza,
volto a destacar que vivemos já muito tempo na degradação moral, baldando-nos à
ética, à bondade, à fé, à honestidade; chegou o momento de reconhecer que esta
alegre superficialidade de pouco nos serviu. Uma tal destruição de todo o
fundamento da vida social acaba por colocar-nos uns contra os outros na defesa
dos próprios interesses. Voltemos a promover o bem, para nós mesmos e
para toda a humanidade, e assim caminharemos juntos para um crescimento genuíno
e integral. Cada sociedade precisa de garantir a transmissão dos valores;
caso contrário, transmitem-se o egoísmo, a violência, a corrupção nas suas
diversas formas, a indiferença e, em última análise, uma vida fechada a toda a
transcendência e entrincheirada nos interesses individuais.