Ana nasceu em Kudamaloor, arquidiocese de Changanacherry (Estado de
Kerala), Índia, em 19 de agosto de 1910. Seu batismo foi feito no rito católico
sirio-malabar.
Annakutty (diminutivo de Ana) era a última de cinco filhos de Ouseph e
Mariam Muttathupadathu, em uma família católica de origem nobre. Tendo ficado
órfã de mãe aos três meses de idade, foi criada por uma tia materna. Foi a avó
materna, entretanto, que a fez descobrir a fé e o amor pela oração já em tenra
idade: aos 5 anos guiava a oração noturna, costume do rito oriental ao qual a
família pertencia.
Aos sete anos Annakutty recebeu
a Primeira Comunhão e comentava com as amigas: "Sabem por que estou tão feliz hoje? É porque tenho Jesus no
coração".
Sua adolescência foi marcada por graves e difíceis doenças, e pela
insistência da tia à qual tinha sido confiada. Mulher muito autoritária, a tia
queria que ela casasse aos 13 anos com um tabelião. Na Índia são muito comuns
os casamentos programados por familiares sem que os noivos participem da
decisão. Porém seu coração já estava entregue a Deus, queria tornar-se religiosa. Após ter lido a “História de uma Alma”, Ana se orientava com firmeza a dedicar sua vida por inteiro a Jesus Cristo, a exemplo de Santa Teresinha de Lisieux.
Ao concluir que se tornando parcialmente desfigurada nenhum homem se
interessaria por ela, Ana chegou a colocar o pé sobre brasas incandescentes
queimando-se gravemente. Resultado: sua tia desistiu de casá-la.
O encontro com o Pe. James Muricken mudou a sua vida. Ele introduziu-a
na espiritualidade franciscana e ajudou-a a ingressar no noviciado das
Clarissas Franciscanas de Bharananganam, em maio de 1927. De saúde delicada, perseverou em sua vocação e após muitas dificuldades
pode emitir sua profissão perpétua em 2 de agosto de 1936, tomando por nome
religioso Afonsa da Imaculada Conceição,
uma homenagem a Santo Afonso de Ligório, cuja festa era comemorada naquele dia.
Um dos maiores sofrimentos enfrentados por Irmã Afonsa foi o desejo de
suas superioras de que ela voltasse para casa, pois sua delicada saúde era
considerada um obstáculo para a vida religiosa, mas esse problema foi superado
pela intercessão divina. A despeito de suas limitações físicas, Irmã Afonsa deixou escrito: "Para cada pequena falta pedirei perdão ao Senhor e a expiarei com uma penitência; sejam quais forem os meus sofrimentos, não me lamentarei jamais, e quando tiver de enfrentar qualquer humilhação procurarei refúgio no Sagrado Coração de Jesus".
Durante um ano ensinou em Vakakkadu, porém a tuberculose que padecia há anos a impediu continuar ensinando. Consciente da situação manteve-se muito reservada e caridosa com todos, procurando não pesar à comunidade; sofria em silêncio tanto as hostilidades que não faltaram, como as doenças, que os exames feitos não especificavam quais eram.
Irmã Afonsa havia escolhido como caminho para sua santificação a
pequena via de Santa Teresinha do Menino Jesus.
Em 1945 a doença se agravou violenta e incontrolável: um tumor estendido
por todo o organismo transformou seu último ano de vida em uma contínua
agonia. Em meio aos seus sofrimentos, ela dizia: "Eu sinto que o Senhor me destinou para ser uma vítima, um
holocausto de sofrimento... O dia em que não tenho sofrimento é um dia perdido
para mim". Santa Afonsa considerava toda sua vida como um
holocausto a Deus; oferecia cada sofrimento ao Sagrado Coração de Jesus.
Concluiu sua vida entre grandes dores, vividas com grande resignação, e,
encomendando serenamente sua alma a Deus, pronunciou os nomes de Jesus, Maria e
José. Era o dia 28 de julho de 1946, Irmã Afonsa tinha apenas 35 anos.
Um médico pagão, depois de haver visitado Irmã Afonsa, manifestou a um
amigo sua grande admiração e assombro pela serenidade e alegria com que a
religiosa suportava os grandes sofrimentos causados pelo tumor espalhado por
todo seu corpo.
A explicação desta atitude alegre diante da dor no-la dá uma companheira
sua: “Sacrifício, amor de Deus e do
próximo, são estes os elementos que devem santificar a vida; e esta é a
mensagem que Irmã Afonsa lança ao mundo moderno, à Igreja e à pátria”.
Sua curta vida de religiosa Clarissa deixou a lembrança de uma
existência santa; a fama de sua santidade se espalhou de um modo impressionante
após sua morte. Todos os anos numerosas peregrinações, não só de católicos,
dirigem-se à sua sepultura em Bharananganam, perto de Kottayam, para rezar e
pedir graças, atraídos pela pureza de sua jovem vida de tanto sofrimento e seu
poder de cura.
Mons. Sebastião Valloppilly, Bispo de Tellicherry (Índia), que conheceu
muito bem a Santa, percebeu o valor incalculável e atual da mensagem da Irmã
Afonsa para o mundo de hoje: a dor não é
um mal, as provações e dificuldades da vida, aceitas e sofridas com alegria por
amor de Deus, obtêm méritos, e, para adquiri-los, não é necessário realizar
ações extraordinárias que chamem a atenção: as cruzes diárias, abraçadas com
alegria por amor de Deus, exaltam a vida cristã e nos permitem adquirir grandes
méritos.
Irmã Afonsa, durante sua breve vida, não fez grandes e extraordinárias
ações do ponto de vista humano, porém sua mensagem é facilmente perceptível na
Índia: ela imprimiu a este ensinamento a luz sobrenatural do Evangelho.
Em 1955, o bispo de Palai iniciou o processo diocesano para sua
beatificação.
Beatificada em 8 de fevereiro de 1986 por João Paulo II na Índia, em
Kottayam, foi canonizada por Bento XVI em 12 de outubro de 2008. No momento da
canonização, ocorrida no Vaticano, numerosos católicos reuniram-se junto a seu
túmulo em Bharananganam. Hoje também celebramos Santos Nazário e Celso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário