O
Tempo da Quaresma tem por finalidade preparar a Páscoa: a liturgia quaresmal
conduz à celebração do mistério pascal,
sendo marcado pela recordação e preparação para o Batismo e pela penitência.
Na determinação da duração de quarenta dias teve grande peso a tipologia
bíblica dos quarenta dias, isto é, o jejum de quarenta dias de nosso Senhor
Jesus Cristo; os quarenta anos transcorridos pelo povo de Deus no deserto, os
quarenta dias que Moisés esteve no Monte Sinai; os quarenta dias que Golias
desafiou Israel até que Davi avançou contra ele, abateu-o e o matou; os
quarenta dias durante os quais Elias, fortificado pelo pão cozido sob cinzas e
água, chegou ao monte de Deus, o Horeb; os quarenta dias nos quais Jonas pregou
a penitência aos habitantes de Nínive.
A Quaresma decorre da
Quarta-feira de Cinzas até a missa da Ceia do Senhor, exclusive. Do início da Quaresma até a Vigília
Pascal não se canta o Aleluia, é proibido colocar flores no altar, a música
deve ser sóbria. A cor do tempo é roxa – exceção feita no quarto domingo da
Quaresma – Laetare – quando se pode usar o rosa.
A Quarta-feira de Cinzas é
dia de jejum, abstinência e de imposição das cinzas. Na Missa, depois do Evangelho e da
homilia, se benzem e impõem as cinzas feitas de ramos de oliveira ou outras
árvores, bentos no Domingo de Ramos do ano anterior.
Na
Quaresma, somos chamados a nos dedicar, de forma especial, a três práticas
formativas da vontade no seguimento de Jesus Cristo, que nos ajudam a assumir a
vida nova assim descrita: relacionamento consigo, com o próximo e com Deus.
A
primeira delas é chamada de mortificação,
abstinência ou jejum. As três expressões servem para indicar o processo de
educação da vontade. Moderar o uso do alimento, escolher práticas que orientem
nossos impulsos instintivos. Muitos o fazem por motivos de saúde ou por razões
estéticas, enquanto nós desejamos fazê-lo para a educação da vontade e para
partilhar o fruto do jejum com as pessoas necessitadas.
A
Igreja nos pede o jejum pelo menos na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira
Santa, e a abstinência de carne todas as sextas-feiras.
Abster-se
do alimento seria inútil se não se abstivesse do pecado. Toda ascese quaresmal
busca a purificação dos vícios e pecados, reconduzindo à dignidade e equilíbrio
interno – Vida Nova.
A
segunda tem o nome de esmola,
palavra, quem sabe, desgastada, que é o exercício das obras de misericórdia, ações caritativas pelas quais vamos em ajuda do nosso
próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais. Instruir,
aconselhar, consolar, confortar, são obras de misericórdia espirituais, como
perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporais consistem
em dar de comer a quem tem fome, acolher quem não tem teto, vestir os nus,
visitar os doentes e os presos, sepultar os mortos. A esmola dada aos pobres é
um dos principais testemunhos da caridade fraterna e também uma prática de
justiça que agrada a Deus (Catecismo da Igreja Católica 2447). “Quem tem duas
túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos, faça o
mesmo” (Lc 3, 11). “Dai antes de esmola do que possuis, e tudo
para vós ficará limpo” (Lc 11, 41).
A
Quaresma é tempo de um mais forte empenho de caridade para com os irmãos: “a
vitória sobre o nosso egoísmo que nos torne disponíveis às necessidades dos
pobres.” Não há verdadeira conversão a Deus sem conversão ao amor fraterno.
Aquilo de que nos privamos nesse tempo, deve ser colocado para o irmão pela
caridade.
Enfim,
intensificar a prática da oração, em
todas as suas formas, é o terceiro exercício com o qual os cristãos se
comprometem na Quaresma, abrindo-se para Deus e dedicando tempo e qualidade de
relacionamento com o Senhor. Rezar mais, rezar melhor!
É
a participação na oração de Cristo. Está inseparavelmente ligada à conversão, à
disposição de fazer a vontade de Deus. Na oração faço a plena oferta de mim a
Deus.
A
CNBB promove durante a Quaresma a Campanha da Fraternidade, cuja finalidade
principal é vivenciar e assumir a dimensão comunitária e social da Quaresma.
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