"Não é grande coisa crer que Cristo
tenha morrido; porque nisto também acreditam os pagãos e judeus e todos os iníquos:
todos acreditam que ele morreu. A fé dos cristãos é na Ressurreição de Cristo;
isto é o que temos como grande coisa, crer que tenha ressuscitado"
(Santo Agostinho, Comentários sobre o salmo 120).
A partir da Vigília Pascal, até ao Pentecostes,
como se todo este tempo fosse "um único grande domingo" (S.
Atanásio), a Liturgia revive, "na alegria e na exultação", os
diferentes aspectos do único e grande mistério: "Cristo
ressuscitado, nossa salvação".
O tempo pascal compreende cinquenta dias (em
grego = "pentecostes"), vividos e celebrados como um só dia: "os
cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes
devem ser celebrados com alegria e júbilo, como se se tratasse de um só e único
dia festivo, como um grande domingo" (IGMR).
A Oitava de Páscoa é a primeira
semana dos cinquenta dias do Tempo Pascal; é considerada como se fosse um
só dia, ou seja, o júbilo do Domingo de Páscoa é prolongado durante oito dias.
As leituras evangélicas estão centralizadas nos relatos das aparições de Cristo
Ressuscitado e nas experiências que os apóstolos tiveram com Ele.
Nos oito dias de Páscoa (Oitava de Páscoa) vivemos
o mesmo espírito do Domingo da Ressurreição, colhendo as mesmas graças.
Assim, a Igreja prolonga a Páscoa, com a intenção de que “o tempo especial de
graças” que significa a Páscoa, se estenda por mais oito dias, e o povo de Deus
possa receber as graças de Deus neste tempo favorável. As mesmas graças e
bênçãos da Páscoa se estendem até o final da Oitava. Não podemos deixar passar
esse tempo de graças em vão!
Deste modo, a Páscoa, a Ascensão e o
Pentecostes não são acontecimentos distintos, isolados. São três
momentos históricos da vida do Ressuscitado, através dos quais se completa e
aperfeiçoa o plano divino da Redenção.
Este caráter unitário do Tempo Pascal é bem
sublinhado pela Liturgia, ao chamar aos Domingos que nele ocorrem, "Domingos
de Páscoa" e ao recordar, na Missa vespertina da Vigília de
Pentecostes, que o Senhor quis "encerrar a celebração da Páscoa no
tempo sagrado de cinquenta dias". Verdadeira Primavera
espiritual, este "tempo sagrado é", por excelência, o tempo da
alegria
cristã.
Essa alegria, que tem a sua expressão no
cântico triunfal do Aleluia, com tanta frequência repetido neste tempo
litúrgico, nasce da certeza de que Jesus Cristo está vivo e presente no meio de
nós, como nos indica o círio pascal, que continua a iluminar as nossas assembleias,
até ao Pentecostes.
O Tempo Pascal é também tempo de
esperança. Os cinquenta dias da celebração pascal são uma celebração
antecipada dos bens do Céu, "do tempo da alegria, que virá depois, do
tempo do repouso, da felicidade e da vida eterna. Hoje cantamos o
Aleluia pelo caminho; amanhã será o Aleluia na prática" (S.
Agostinho).
Durante o Tempo Pascal, as Leituras do Antigo
Testamento são substituídas pelos Atos dos Apóstolos, em que Lucas nos narra a
origem do novo Povo de Deus, sob a ação de Jesus Ressuscitado, nos transmite a
pregação dos Apóstolos e nos descreve a vida da primeira comunidade cristã,
assim como a difusão da fé. Comunidade em que Jesus
Cristo Ressuscitado vive e age, na Igreja continua-se, na verdade, a
História da Salvação. Nela, os anúncios dos profetas estão em vias de realização.
Quanto à 2ª Leitura, temos, no Ano A, São Pedro
com a sua 1ª Carta, de profundas características Pascais. A proclamação do
Mistério Pascal, feita pelo Chefe da Igreja, nos Atos dos Apóstolos (1ª
Leitura), prolonga-se assim na 2ª Leitura. Nos Anos B e C, São João refere-nos
o testemunho daquele que “viu com os seus olhos e tocou com as suas mãos
o Verbo da Vida” (IJo.1,1).
A sua 1ª Carta, em que sobressaem os grandes
temas do Discípulo amado a saber, a fé em Jesus, a salvação operada pela sua
paixão e a lei da caridade, é lida no Ano B. No Ano C, a 2ª Leitura é
tirada do misterioso Livro, o Apocalipse, em que São João, profeticamente,
descreve o desenvolvimento triunfal do Povo de Deus, através dos tempos, e a
sua vida na glória celeste.
Todos os Evangelhos do Tempo Pascal, à exceção
de dois, são extraídos igualmente, de São João. Todas as leituras do Tempo
Pascal estão intimamente unidas entre si. Todas falam da fé em Cristo
Ressuscitado e da vida da Igreja, reunida pela fé no Senhor Jesus.
Que a Páscoa possa fazer renascer em nossos
corações um sentimento novo, um sentimento de mudança. Que este seja um momento
marcante em nossas vidas, seja realmente um divisor de águas e, unidos a
Cristo, restauremos e busquemos a salvação. Cristo ressuscitou!
Verdadeiramente ressuscitou, Aleluia!
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